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Muito estável — como era tradição da marca e característica muito apreciada pelos franceses —, o 104 tinha suspensão independente nas quatro rodas, com molas helicoidais e sistema McPherson na frente. Os pneus usavam a medida 135-13 e os freios eram muito eficientes, com discos dianteiros. Em sua faixa de preço concorria com modelos de projeto recente na época, como Fiat 127, Renault 5, Autobianchi A112 e o japonês Datsun Chery 1000.

Pacato na aparência, o 104 ZS andava bem com o motor de 1,1 litro e 66 cv, mais tarde substituído pelo de 1,4 litro e 80 cv

Em 1973 era lançada a versão de duas portas. Ainda menor, tinha 3,36 m de comprimento. Dois anos depois, os acabamentos GL e GR contavam com um motor de 1.124 cm³ e 50 cv. Ambas tinham interior mais refinado, assim como painel bem-equipado. Em 1976 recebia uma modificação bem-vinda: passava a dispor de ampla porta traseira com o vidro integrado. O volume do porta-malas era bom, ajudado pelo fato de que o estepe estava alojado junto ao motor, mas o acesso à bagagem na versão antiga não agradava, o que justificou a mudança. Na opção mais esportiva, a ZS, o mesmo motor desenvolvia 66 cv.

Tanto a versão com quatro portas quanto a de duas ganhavam, em 1978, o motor do Renault 14. Denominado 104 S, o francesinho agora tinha 1.361 cm³, carburador de corpo duplo, 72 cv e 10,9 m.kgf. Com caixa de cinco marchas, chegava a bons 158 km/h e acelerava bem. Por fora se distinguia por uma grade mais esportiva, faróis auxiliares, faixas laterais e rodas de alumínio. Mais apimentado era o ZS: com o mesmo deslocamento, tinha agora 80 cv e máxima de 164 km/h. Para se adequar ao novo temperamento, era equipado com pneus 165/70 R 13.

O vão de acesso à bagagem melhorou com o vidro integrado à tampa traseira; o Talbot Samba
(à direita) foi uma variação do 104 de duas portas, incluindo carroceria conversível

Seus concorrentes eram o Renault 5 TS, o Fiat 127 Sport e o Ford Fiesta SuperSport. O painel vinha com conta-giros, velocímetro graduado até 200 km/h, voltímetro e termômetro de óleo. Como parte do pacote esportivo vinham volante de três raios e bancos especiais com encosto de cabeça. Uma versão destinada às pistas, a 104 ZS Rallye com 100 cv, foi lançada no Salão de Genebra. Tinha carroceria em plástico reforçado com fibra-de-vidro, pára-lamas alargados e defletores. Fez sucesso colocando muito carro famoso para trás e teve bela participação nos Grupos 2 e 4 da Federação Internacional do Automóvel (FIA), nos ralis de Monte Carlo e Mil Lagos.

No mesmo ano, a Peugeot ressuscitava a marca Talbot e em 1981 lançava a linha Samba, com carroceria e motorização similares às do 104 de duas portas. Versão interessante era a Cabriolet, que tinha capota de lona, arco de proteção em caso de capotagem e acabamento muito bom. Era equipada com o motor do ZS. Versões denominadas Bahia e Copacabana eram distintas e personalizadas. Também serviu de base para os primos Citroën LN e Visa.

Em 1979 chegava a versão mais interessante para os amantes dos "foguetes de bolso": a 104 ZS2, limitada a 1.000 exemplares. Pesava 770 kg e seu motor de 1,4 litro, ajustado para 93 cv, levava-o a 175 km/h e de 0 a 100 km/h em apenas 10,5 segundos.

A carreira do 104 foi longa. Em 16 anos foi produzido, até 1988, cerca de 1,6 milhão deles. Interessantes modelos estudados, mas não lançados, foram um picape proposto pelo encarroçador Chausson, um três-volumes e uma perua. Outra, talvez a mais interessante, foi desenhada por Pininfarina: o carro-conceito Peugeot Peugette, apresentado no Salão de Turim em 1976. O esportivo era um modelo targa e tinha como particularidade o capô e a tampa do porta-malas idênticos e intercambiáveis. As portas também eram iguais em ambos os lados. Media apenas 3,33 metros e seu interior era esportivo e futurista. Destinado ao mercado jovem, poderia ter sido um sucesso pela genialidade.