Tempos de fiesta para a Ford

O pequeno carro lançado em 1976, que foi líder de
vendas em muitos mercados, chega à quarta geração

Texto: Fabrício Samahá - Fotos: divulgação

O final da década de 60 foi um tempo de mudanças para a Ford. As subsidiárias alemã e inglesa, que há muito trabalhavam em separado, haviam se unido para projetar o primeiro Escort, lançado em 1968. E formava-se o consenso de que a marca precisava desenvolver um carro pequeno, para competir num segmento que aos poucos ganhava relevância.

Em setembro de 1969 os europeus convenciam a matriz dessa necessidade, recebendo a incumbência de conceber um estudo em oito meses. Caso aprovado, a intenção era comercializá-lo na Europa, Estados Unidos, América do Sul e Ásia, havendo inclusive uma versão mais robusta para os mercados que mais tarde seriam conhecidos como emergentes.

Esboços iniciais do que se tornaria o Fiesta, em 1976. No alto, a primeira versão Ghia

Foram feitos três estudos, um totalmente novo e dois baseados na plataforma do Escort reduzida. Tanto a tração dianteira quanto a traseira eram consideradas, mas a primeira opção recebia objeções internas. Em 1962 a Ford cancelara a produção do modelo Cardinal, de tração anterior, apenas 60 dias antes da data prevista para ser iniciada -- embora o carro tivesse ressurgido como Taunus 12M na Europa, anos depois.

O resultado do projeto Torino, como foi denominado, estava pronto em outubro de 1970 -- mas dele haviam participado apenas engenheiros, nenhum estilista. Assim, um projetista da fábrica de Colônia, Alemanha elaborou alguns esboços na véspera da apresentação à diretoria da Ford, comandada por Henry Ford II e Lee Iacocca, em fevereiro de 1971. Ambos gostaram do que viram e deram luz verde para o projeto. Além da Ford européia, também a americana e o estúdio Ghia de Turim, na Itália, se incumbiram de estudos alternativos.

O Blue Car do estúdio Ghia, à esquerda, e um dos Mini-Mites desenvolvidos em Detroit

No final de 1972 os projetos eram comparados. A Ford européia havia tomado como referência o Fiat 127, lançado no ano anterior. Detroit desenvolveu dois outros estudos, chamados Mini-Mites (um com tração traseira, outro com dianteira), enquanto a Ghia criou o Blue Car. Venceu a corrente defensora da tração dianteira, que resultava em um conjunto mais leve, compacto e eficiente. E o projeto foi renomeado Bobcat, um gato selvagem da América do Norte.

O Ford pequeno assumiu repentino caráter de urgência em 1973, com a primeira crise do petróleo. Decidiu-se que o Bobcat representaria uma grande operação envolvendo toda a empresa na Europa, com reflexos na produção mundial da marca. As metas eram ambiciosas: meio milhão de unidades seria produzido por ano, a partir de 1976/1977, nas fábricas de Valência, na Espanha; Saarlouis, na Alemanha; e Dagenham, na Inglaterra. Para fazer o menor carro de sua história, a Ford teria de fazer seu maior investimento: um bilhão de dólares.
Continua

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Data de publicação deste artigo: 15/6/02

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