Ianque com toque europeu

O time de Raymond Loewy fez os americanos sonharem
com um cupê de estilo singular: o Studebaker de 1953

Texto: Fabiano Pereira - Fotos: divulgação

Raymond Loewy foi um dos desenhistas mais cultuados do século XX nos Estados Unidos. Esse imigrante francês é volta e meia apresentado como o criador da clássica garrafa da Coca-Cola, de 1915 — mas não foi, mesmo tendo feito uma reestilização dela em 1954. Não teve também o impacto de Harley Earl na GM dos anos 50. Mas, entre outros projetos de sucesso fora do mundo do automóvel, Loewy criou modelos notáveis para a extinta Studebaker. O êxito da linha Champion/Commander 1947 e do Avanti esconde a consagração de um outro modelo da marca.

Era 1953 e o mundo via nascer um mito incontestável sobre rodas, o Chevrolet Corvette. Quase todas as atenções seriam dele, não fosse o lançamento da nova linha Studebaker. O desenho, comandado por Robert Bourke, do Studio Loewy, substituía o da aclamada geração lançada em 1947. A nova linha Champion/Commander até causara boa impressão, mas o cupê surpreendeu a todos, se diferenciado marcantemente das demais versões.

A Studebaker centrou-se na produção do sedã, mas foi o belo cupê de linhas alongadas que conquistou os EUA, gerando demanda bem acima da oferta

A direção da Studebaker apostava suas fichas no sedã, o que determinou o foco da produção em South Bend, Indiana. Assim, a oferta insuficiente frustrou boa parte dos compradores que desejavam o belo cupê com aspecto europeu, uma demanda quatro vezes maior que a da outra versão. Para piorar, painéis de aço usados na frente do cupê não se encaixavam bem na linha de montagem e os ajustes necessários atrasaram as entregas. Mas havia um motivo interessante para isso.

O cupê fora desenvolvido por Bourke como carro-conceito, mas agradou tanto a diretoria que ganhou o sinal verde para produção. No entanto o sedã, base da nova geração, mais alto e 10 cm mais curto entre eixos, já estava quase pronto. A solução foi fazer duas carrocerias distintas às pressas e ao mesmo tempo. Ainda naquele ano, o fornecedor de caixas automáticas Borg-Warner enfrentou uma greve, limitando a oferta dessa opção.

O mais elegante era o Starliner, sem coluna central. O motor de seis cilindros e 85 cv servia ao Champion, e o V8 de 120 cv, ao Commander

Como resultado, o que deveria ter sido um excelente ano nas vendas levou a Studebaker a descer para a décima posição no mercado. As 151.576 unidades produzidas ficaram aquém do ano anterior. Mas, se na parte administrativa o fabricante encarava desafios de última hora, a reputação de seu cupê já o mantinha no patamar dos grandes carros americanos. Continua

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Data de publicação: 11/11/03

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