O Royal Knight de 1983, com capô
decorado, mostra os quatro faróis; embaixo o SS Choo-Choo, que usava a
frente inclinada do Monte Carlo
Até o modelo 1987 das fotos, o
último da linha, pouco mais foi alterado |
Em 1974 a Pontiac, outro
braço da GM, criava uma proposta de variante do El Camino com uma frente
típica da marca emprestada pelo
Trans Am, além de rodas esportivas batizadas de Rally II. Por dentro
o carro recebia novo painel e bancos reclináveis com ajuste lombar. Se o
conceito jamais se tornou uma versão Pontiac, ao menos o conjunto
estético esteve disponível nas concessionárias GMC para o Sprint. Um ano
depois, o V8 Turbo Jet de bloco grande saía de linha e o catalisador
chegava ao escapamento de todos os modelos, para conter a poluição,
minando ainda mais a potência.
O aumento de peso por conta de reforços
na estrutura, como barras de proteção nas portas, também servia para
dilapidar o desempenho. Além de dois faróis retangulares de cada lado
que destoavam de seu estilo, o carro não recebeu grandes
modificações até mudar novamente em 1978. A nova geração, agora baseada
no Chevrolet Malibu, encarnava o estilo de traços retos que vigoraria na
década seguinte. Um pouco maior no comprimento, o El Camino recebia um
farol retangular de cada lado com discretas luzes de direção na lateral.
A grade era discreta, quadriculada, e o pronunciado para-choque —
necessário para suportar impactos leves sem se deformar, exigência
federal desde 1974 — vinha cromado.
O capô era longo, o para-brisa inclinado e as laterais bastante limpas,
com discretos aros cromados nas caixas de roda. Após a porta do
motorista havia um discreto vigia. A caçamba tinha linhas suaves e podia
receber ganchos laterais para amarração da carga. Na traseira as
lanternas horizontais vinham em posição baixa, logo depois da porta da
caçamba. Já o interior era básico, mas bem-acabado, com painel de formas
retilíneas e um módulo voltado ao motorista. Vinha nas versões básica,
Super Sport e Conquista. A GM oferecia confortos como ar-condicionado,
vidros e travas elétricos, retrovisores em forma cônica e rádio AM ou
AM/FM da Delco com toca-fitas, entre outros opcionais.
Testado pela revista Car and Driver naquele mesmo ano, o El
Camino surpreendeu. Foi elogiado pela facilidade de uso e pela
estabilidade em relação a picapes maiores. "Ele é tão bom como automóvel
que, depois de deixar espantado o motorista de um [Nissan] Z numa
arrancada, você nunca mais pensará nele de novo como um transportador de
fertilizantes nas tardes de sábado. O redesenho e a redução de tamanho
que vieram a toda a linha de carroceria A (intermediária) da GM este ano
também beneficiaram o El Camino, talvez em grau ainda mais que nos
carros de passeio", explicava a publicação.
Até o fim da produção, o El Camino teve poucas modificações estéticas. As
mais notáveis foram a adoção de dois faróis retangulares de cada lado, em
1983, seguida por uma frente mais inclinada para o SS dois anos mais
tarde. Era oferecido em quatro pacotes de acabamento: básico, Royal
Knight, Conquista e Super Sport. Pensando nos amantes de potência e
estilo diferenciado, a Chevrolet lançava a versão especial Choo-Choo do
SS. O estranho nome fazia referência a uma empresa de personalização que
realizava trabalhos em Chevrolets. Este trazia a frente do Monte Carlo
SS e o pacote mecânico L69 com motor V8 350 de 182 cv. Contudo,
a escolha mais popular recaía sobre o bloco pequeno 350 que entregava
entre 152 e 167 cv. Outras opções foram os V6 de 3,8 (um da
Chevrolet e outro de origem Buick) e 4,3 litros. Em 1985 a produção foi
transferida para o México.
O fim da estrada chegou para o El Camino em 1987. O sucesso do picape
médio S10, lançado três anos antes,
já não justificava a manutenção do "sedã picape" na linha Chevrolet. O
fim discreto não combina com o sucesso do carro frente aos admiradores.
Ainda hoje é possível ver El Caminos sendo usados no dia-a-dia, não raro
com motores bem mais potentes que os originais e estilo personalizado.
Os modelos dos anos 60 são os mais valorizados. No esporte, a equipe
Bubba Drift possui o único picape da competição de drift, um El Camino
1986. Uma boa homenagem pra quem frequentava os mundos do trabalho e do
lazer com a mesma desenvoltura.
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