VIAGEM-AVALIAÇÃO

Volvo V70 XC, feita para durar

Buracos, estradas de terra, barro, areia: 10 mil quilômetros de duras provas superados pela perua sueca

Texto e fotos: Paulo Rollo

Inicialmente deve-se dar uma volta em torno da Volvo V70 XC 4WD, versão fora-de-estrada da perua média-grande sueca. Observar suas linhas, dimensões e acabamento. Logo amá-la ou não, dada principalmente sua forte personalidade. A robustez do conjunto é notável e esta sensação se reforça ao rodar. O volante, de dimensão generosa, é algo pesado em baixas velocidades, o que não chega a causar transtornos. A posição ideal de dirigir é rapidamente encontrada. A coloração bege do interior, que mescla tecido e couro com um feliz resultado final, amplia a sensação de espaço do habitáculo, mas um motorista de 1,87 metro posicionou o banco mais para trás e comprometeu o conforto do passageiro traseiro.

As linhas retas, típicas da marca, contrastam com a
modernidade das amplas lanternas traseiras


Ainda no interior, diversos os detalhes úteis embarcados, como as cestas e redes de proteção no porta-malas, as diversas bolsas nos bancos, inclusive na parte frontal do assento do motorista, e porta-copos. Digno de nota o equipamento de som, dotado de toca-CD e toca-fitas de excelente qualidade, bem acima da média da concorrência.

O PROJETO

Analisando a concepção da V70 XC (sigla que significa Cross Country) como um todo, o primeiro item bem-vindo para o consumidor brasileiro é o vão livre do solo, três centímetros maior que nos demais modelos da marca. Com auxílio dos grandes pneus 205/65 R 15, supera lombadas e buracos com grande eficiência. Contando com um motor de cinco cilindros e 2,5 litros turboalimentado, que gera bons 193 cv, a V70 acelera bem apesar dos 1.700 kg. O consumo não trouxe surpresas, oscilando entre 7 km/l em uso urbano e 11 km/l a 100 km/h constantes.

Mas o grande trunfo do projeto é certamente a tração integral, que comprovou oferecer melhor dirigibilidade. A Volvo adotou o sistema de acoplamento viscoso, que inclui bloqueio do diferencial traseiro. Este sistema faz variar, através de uma embreagem automática, a distribuição de torque entre as rodas, sendo que, se alguma delas deixar de gerar tração, o sistema cancelará o envio de força a ela.

A V70 conta também com o sistema TRACS, sistema de tração eletrônico, que controla a tração no eixo dianteiro. Andando normalmente em piso de boa aderência, o sistema destina 95% da potência para as rodas dianteiras e os 5% restantes para as traseiras. Ocorrendo alterações de dirigibilidade o sistema interpreta a situação e passa a enviar mais força para a traseira. Na prática o sistema mostrou que funciona e muito bem.

A V70 num belo entardecer de Florianópolis, SC

PROTEÇÃO EVIDENTE

A preocupação da Volvo com a segurança é quase obsessiva, aspecto que certamente ampliou sua fama mundial. A V70 traz cintos de segurança com pretensionamento, bolsas infláveis dianteiras e laterais e SIPS (sistema de absorção e redirecionamento de energia em colisões laterais, patenteado pela Volvo). A suspensão dianteira conta com molas montadas assimetricamente e o diferencial é incorporado a um subchassi totalmente construído em alumínio. O eixo traseiro multibraço traz molas integradas e amortecedores de nivelamento automático. Esta configuração torna o conjunto leve e resistente. Some-se a isto o eficiente 4x4 e o resultado é um automóvel de grande confiabilidade.

Toda esta excelência tem preço, e bem salgado. A versão avaliada, dotada de teto solar, câmbio automático e controlador automático de velocidade custa US$ 88.000. Por bem menos, US$ 52.000, pode-se ter a Subaru Legacy Outback, sua principal concorrente, com motor de 2,5 litros e 150 cv. Mas quem puder pagar pela V70 certamente desfrutará de um carro exemplarmente bem construído, seguro e, pelo que pudemos sentir durante o massacre ao qual foi submetido, durável.

Há alguns pecados imperdoáveis para um carro deste preço: o controle remoto trava as portas mas não fecha os vidros ou o teto solar, e o ar-condicionado mereceria um redimensionamento. Este parece ser um problema congênito da maioria dos fabricantes, que aparentemente dimensionam o sistema para um sedã e não levam em conta as dimensões superiores do habitáculo de uma perua.

FICHA TÉCNICA - DESEMPENHO


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