Com novas rodas e friso lateral
na linha 2013, o CrossFox afinal recebe opção de câmbio manual
automatizado, ao custo adicional de R$ 3.350
Trocas manuais podem ser feitas
pela alavanca ou pelos comandos no volante; a versão mantém desempenho e
consumo do modelo original |
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CrossFox, enfim automatizado |
Há algo
de incompatível entre uma versão "aventureira" e um câmbio
manual automatizado? Acreditamos que não, mas por alguma razão a
Volkswagen manteve o CrossFox de fora, até hoje, da gama de
modelos que oferecem a caixa ASG por meio das versões I-Motion.
Agora isso, afinal, muda.
O câmbio não difere do avaliado em outros modelos. Ele mantém as
cinco marchas e permite operação automática ou manual, neste
caso por meio da alavanca no console ou pelos comandos atrás do
volante. Um programa esportivo pode ser acionado em ambos os
casos: em modo manual, faz as mudanças em menor tempo; em
automático, mantém marchas mais baixas para que o motor
permaneça com maior rotação, seja para ganho em agilidade ou
para produzir freio-motor nas desacelerações, como as descer
serras.
Sua operação é das mais suaves entre os automatizados (de
embreagem única) oferecidos nos carros nacionais, o que não
impede certo desconforto pela interrupção de potência durante as
trocas. Esse inconveniente talvez se faça notar ainda mais no
CrossFox por causa da elevada posição dos ocupantes, já que
acentua o efeito de pêndulo sentido por eles. Mas é um preço
razoável a pagar pela comodidade de contar com a operação
automática quando desejado.
Por falar em preço, o CrossFox I-Motion custa a partir de R$
53.800, aumento de R$ 3.350 sobre a versão com câmbio manual
comum. |
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Como se sabe, o consumo no mundo real costuma ser maior que o obtido nas
medições de laboratório, sendo razoável se falar em números 30% mais
baixos. Supondo a média cidade/estrada de 11,3 km/l para o BlueMotion e
10 km/l para o Fox comum, ambos com gasolina, o proprietário que rodar
12.000 km por ano (média nacional aproximada) ao custo de R$ 2,70 por
litro terá uma redução de R$ 375 na despesa anual com combustível caso
escolha a nova versão. Assim, a diferença de R$ 1.240 no valor de compra
(com cinco portas) levará mais de três anos para ser amortizada.
Ao
volante
O Best Cars dirigiu o Fox BlueMotion por pouco mais de 50
quilômetros entre São Bernardo do Campo e Embu das Artes, ambas na
Grande São Paulo, em um trajeto pelo Rodoanel que a VW usou para medir o
consumo de cada carro. A primeira sensação é de bom desempenho, com
potência disponível logo em baixa rotação. Pelo câmbio mais longo, em
subidas de estrada e ultrapassagens se precisa recorrer a marchas mais
baixas sob pena de obter retomadas insatisfatórias. Por outro lado, em
uso urbano usa-se menos o câmbio, pois cada troca para cima ou para
baixo traz maior variação de rotação — assim, leva mais tempo até que
uma nova mudança seja necessária.
O indicador de troca de marcha é um grande aliado do motorista,
sobretudo aquele sem conhecimento de direção econômica — não o caso do
leitor habitual do Best Cars, que sabe há tempos que combinar
baixa rotação com grande abertura de acelerador resulta em baixo
consumo. Se o condutor "esquecer" uma marcha baixa enquanto a rotação
subir com o acelerador pouco aberto, o mostrador logo sugere a mudança
de uma ou duas marchas para cima. Ajudado pelo câmbio longo, consegue-se
usar a forma eficiente de dirigir por todo o tempo, até mesmo em
velocidades de viagem.
Sobre os pneus, apesar da boa condição de piso do teste, nota-se algum
desconforto adicional. De qualquer forma, além da alteração dos
amortecedores, o perfil bem mais alto em relação ao do Fox conhecido
ajuda muito a absorver irregularidades. Em nossa opinião, a VW jamais
deveria ter adotado as rodas de 15 pol como padrão no Fox, pois os pneus
195/55 o deixam um tanto desconfortável e não são necessários para seu
patamar de desempenho. O BlueMotion retoma a medida básica usada anos
atrás, bem mais adequada. Alguma perda, contudo, é esperada em
estabilidade e frenagem, até pela largura 20 mm menor.
E quanto ao consumo no teste? Nosso BlueMotion registrou a média de
consumo de 24,2 km/l de gasolina no trajeto de avaliação. Impressiona,
mas a baixa velocidade e o ritmo tranquilo de direção explicam muito
dessa economia. Tanto que o CrossFox com câmbio automatizado (leia
boxe abaixo) fez no mesmo percurso 18,8 km/l, marca que também não
se consegue todo dia.
Em uma análise final, o Fox BlueMotion é uma proposta tímida. Não
poderia a VW ter substituído a assistência hidráulica de direção por uma
mais eficiente eletroidráulica (já usada
no Polo, que tem a mesma plataforma) ou elétrica, que existe em modelos
da categoria há uma década? E por que não ser o primeiro carro nacional
com parada e partida automáticas do motor, recurso que está demorando a
chegar à produção local?
Como estandarte da atenção da empresa à preservação ambiental, o novo
Fox é válido. Como opção de economia de combustível, só em termos —
aguardar três anos para "entrar no azul", tendo retorno do que foi pago
a mais na compra, não é muito atraente. A opção pela versão ecológica
recai mesmo na consciência de cada um em preservar os recursos naturais,
o que pelo menos já não dói tanto no bolso quanto no caso do Polo
BlueMotion.
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