Dotado de quatro válvulas por cilindro e injeção eletrônica de duto único, o VW TDI fornece 163 cv (ante 172 do Frontier, 165 do Triton, 163 de Hilux e Ranger e 140 cv do S10) e 40,7 m.kgf a apenas 1.500 rpm (contra 41,1 a 2.000 do Nissan, 38,7 a 1.600 do Ford, 38,1 a 2.000 do Mitsubishi, 35 a 1.400 do Toyota e 34,7 a 1.800 do Chevrolet). São dois turbos para que o primário, pequeno, entre rápido e não haja retardo de atuação (lag), enquanto o secundário, grande, cria sobrepressão mais forte. Assim o motor tem muito torque desde 1.200 rpm e acelera como se fosse aspirado.

A maioria dos Amaroks para avaliação estava lastreada com 200 kg na caçamba, mas mesmo sem o lastro o picape se comporta bem, já que os feixes de molas traseiros são de dois estágios, com três folhas no estágio inicial e duas no secundário — macios o suficiente quando descarregados, mas segurando bem a carga máxima permitida. Pode-se afirmar que essa suspensão é a melhor de todos os picapes à venda no Brasil: nada é tão equilibrado quanto ele, nada faz curvas tão seguras, estáveis e sem oscilações parasitas, tal qual um automóvel comum. Aquele diferencial revoltoso e pulador que outros picapes têm nem é sentido no Amarok. Muito desse bom comportamento é resultado da escolha dos bons pneus Continental de aro 18 pol e medida 255/60 (há opção ainda mais esportiva pelos de 19 pol), com perfil bem de asfalto, mas há uma alternativa de uso misto que atende bem na terra. A assistência de direção, elétrica, também está muito bem calibrada.

O motor merece um capítulo à parte, pois é difícil acreditar que ele tenha só 2,0 litros. Suave e silencioso, não parece ser a diesel, mas sim um motor de grande cilindrada a gasolina — tanto que é usado em automóveis do grupo na Europa, como o Golf GTD. Só conseguimos pegá-lo de surpresa em um breve momento em que a pressão dos turbos ainda não tinha subido, mas no resto do tempo o TDI empurra bem, chegando a 181 km/h de velocidade máxima e indo de 0 a 100 km/h em 11,1 segundos, conforme a VW. Não há razão para duvidar desses números, pois o veículo anda bem com sua caixa de seis marchas que ajuda a chaleira a ferver sempre, enquanto a sexta bem longa faz relaxar na estrada. Retoma bem em quinta e acelera forte em quarta, facilitando uma ultrapassagem mais apertada, e freia reto e relativamente rápido como poucos picapes fazem. O som do motor está presente sem ser intruso; já a vibração é inexistente graças ao bom isolamento.

Resta esperar para conferir qual será sua vida útil debaixo de tanta pressão de turbo, com trocas de óleo negligenciadas por um consumidor menos avisado e com o combustível que somos forçados a usar fora de cinco ou seis grandes centros, repleto de enxofre altamente corrosivo. Na Argentina é recomendado o diesel premium, que é de nível europeu. Mas o Amarok chega como um veículo diferente em sua classe, de última geração sob qualquer aspecto e muito bem desenvolvido.