Sem alterações externas, salvo
pelos logotipos "Dual VVT-i" e "2.0", o Corolla 2,0 de litros traz novo
fôlego, disponível nas versões XEi e Altis |
Ao contrário do adversário direto Honda Civic, que cresceu em cilindrada
e potência a cada geração desde que passou a ser fabricado no Brasil em
1997, o Toyota Corolla manteve no modelo lançado em 2008 o motor de 1,8
litro usado desde a geração de 2002, até mesmo com pequena perda de
potência. O resultado foi que seu desempenho, antes muito bom, se tornou
discreto pelo aumento de quase 100 kg no peso, enquanto aquele e outros
concorrentes — como C4 Pallas, Focus, Vectra e Sentra — deixavam o
Corolla para trás com seus motores de 140 cv ou mais.
A resposta da Toyota chega com a linha 2011 de seu único automóvel
fabricado no Brasil: um motor flexível de 2,0 litros de família inédita,
sem relação com o antigo 1,8, importado do Japão para equipar as duas
versões superiores de acabamento: a XEi e a nova Altis, que substitui a
SE-G sem alterações de aparência (Altis vem do latim altitudinis, que
pode ser traduzido como altitude, supremacia). A unidade vem associada a
uma nova caixa de câmbio automática, ainda de quatro marchas, com
comandos do tipo borboleta junto ao volante para mudanças manuais. Os
preços sugeridos são de R$ 75.830 para o XEi e R$ 89.160 para o Altis
(aumentos de 3%),
sem opção de caixa manual. As versões XLi (manual, R$ 61.890;
automático, R$ 65.920) e GLi (R$ 65.660 e R$ 69.670, na ordem) mantém o
motor 1,8 flexível, enquanto o XLi 1,6 movido apenas a
gasolina, que atendia ao segmento de portadores de necessidades
especiais, sai de produção — a atual legislação, com limite máximo de
preço mais elevado, permite que adquiram qualquer das versões 1,8 com os
benefícios fiscais.
Identificado pelo logotipo Dual VVT-i Flex nos para-lamas
dianteiros e pelo 2.0 na tampa traseira, o novo motor (que usa
bloco, cabeçote e cárter de alumínio) faz parte da linha ZR, iniciada
pela Toyota no Japão em 2007 e que consta no exterior também com versões
de 1,6 e 1,8 litro. Na linha Corolla, o 1,6 está disponível na Europa e
na China, o 1,8 na Europa e no Japão e o 2,0 em mercados da região
Ásia-Pacífico, mas não no japonês. As três unidades compartilham o
diâmetro de cilindros de 80,5 mm, enquanto o curso de pistões varia
entre 78,5 mm para o 1,6-litro, 88,3 mm para o 1,8 e longos 97,6 mm para
o 2,0. Tamanho curso faz esperar relação r/l
desfavorável, pela dificuldade em usar uma biela de comprimento adequado
sem resultar em um bloco alto demais. Infelizmente o fabricante não
soube informar a medida ao solicitarmos.
O citado Dual VVT-i refere-se a um novo arranjo do conhecido
variador de tempo de abertura das válvulas,
que atua tanto nas de admissão quanto nas de escapamento (por isso dual,
ou duplo), enquanto o VVT-i da versão 1,8 afeta apenas as válvulas de
admissão. Como se sabe, a variação busca adequar as condições de fluxo
da mistura ar-combustível tanto às baixas quanto às altas rotações, o
que aumenta a eficiência. Outros avanços do 2,0-litros são velas de
ignição de irídio do tipo M12, mais finas; pistões refrigerados por jato
de óleo, para melhor dissipação de calor; tuchos hidráulicos, que
dispensam regulagem de folga das válvulas (prevista a cada 50 mil
quilômetros no 1,8) e funcionam com menor ruído; e
acionamento de válvulas por alavanca
roletada, para redução de atritos. As velas em posição central
permitiram melhor dimensionamento das galerias de arrefecimento, o que
tornou viável elevar a taxa de compressão
de 10:1 (da versão a gasolina no Japão) para 12:1, para melhor
eficiência com álcool. O comando de válvulas continua a ser acionado por
uma corrente, vantajosa sobre a correia dentada do ponto de vista de
vida útil e confiabilidade.
O resultado de tudo isso foi bons valores de potência e torque, embora
pudessem ser maiores diante da tecnologia adotada: com gasolina, 142 cv
e 19,8 m.kgf; com álcool, 153 cv e 20,7 m.kgf (o 1,8 fornecia 132/136 cv
e 17,3/17,5 m.kgf). Não se considerando o esportivo Civic Si, o Corolla
torna-se o mais potente 2,0-litros ao rodar com etanol, mas perde em
torque para Citroën C4 Pallas e Peugeot 307 com qualquer dos
combustíveis. Mesmo assim, com ajuda do peso entre os mais baixos da
categoria (1.260 kg no Altis), a empresa afirma ter obtido o melhor
desempenho em testes encomendados ao Instituto Mauá de Tecnologia, tanto
em aceleração quanto em retomada. De 0 a 100 km/h o Corolla teria levado
11,6 segundos com álcool e 11,8 s com gasolina, com ar-condicionado
ligado.
Continua |