A Renault, jogada na lama

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A versão 4WD do Duster Dynamique traz suspensão e tração
sofisticadas em um utilitário esporte de concepção simples

Texto e fotos: Fabrício Samahá

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Mesmo que os pneus de uso misto não sejam ideais, o Duster enfrenta a lama com valentia; a suspensão traseira é ótima, a dianteira regular

Em fim de carreira depois de nove anos de mercado — e no aguardo de sua nova geração, prevista para o segundo trimestre —, o Ford EcoSport afinal ganha um competidor direto nacional. O Renault Duster chega com uma variedade de opções que cobre todo o leque oferecido pelo concorrente, com motores de 1,6 e 2,0 litros, câmbios manual e automático e trações dianteira e integral. E foi a versão de topo, a 4WD, que o Best Cars colocou em avaliação (um comparativo com o EcoSport não foi possível, pois a Ford não tinha um disponível).

Este Renault nasceu Dacia, a marca romena incorporada ao grupo francês em 1999. Isso explica seu desenho pouco pretensioso, quase antiquado, pois nos últimos anos a Dacia se tornou o braço da Renault para atender a mercados emergentes e segmentos de entrada. Mas elementos como os para-lamas ressaltados e os adereços fora-de-estrada estão bem de acordo com o estilo que muitos procuram nos utilitários esporte. Alguns detalhes mostram cuidado no projeto, como faróis com refletor duplo e repetidores laterais das luzes de direção. Abriríamos mão dos estribos, que servem apenas para sujar a barra da calça ao entrar e sair.

Se na parte externa o Duster fabricado em São José dos Pinhais, PR, traz apenas uma nova grade — de gosto discutível — como diferença para o original romeno, por dentro o modelo nacional se beneficiou das novidades recém-adotadas pelo Sandero, com o qual compartilha muitos componentes. A versão brasileira ganhou painel mais elaborado, mais espaços superiores para objetos, aparelho de áudio e comandos de ventilação de melhor aspecto, além de colocar os controles elétricos de vidros nas portas (na Europa ainda vêm no painel). O acabamento permanece simples, com materiais sem requinte, mas o conjunto agrada mais aos olhos. O carro avaliado trazia o revestimento de bancos opcional em couro, que mais parece vinil.

Como os "irmãos" Logan e Sandero, o Duster oferece posição de dirigir confortável, com um bom banco (apesar de curto no assento) e regulagens de altura para ele e para o volante (um pouco deslocado para a direita), mas falta espaço adequado para o pé esquerdo em repouso. Os difusores de ar são ótimos, os instrumentos usam a eficaz iluminação em laranja, o rádio/toca-CDs com MP3 traz conexões USB e auxiliar e comandos junto ao volante e há computador de bordo e aviso para porta mal fechada. No banco traseiro, a acomodação de pernas e cabeças é muito boa e o espaço lateral não chega a impedir uma viagem com três adultos de porte mediano. Essa é a parte boa do interior.

Uma das partes negativas é que, como já abordado na última avaliação do Sandero, falhas de ergonomia estão por todo lado. São exemplos o botão de ajuste elétrico dos retrovisores abaixo da alavanca de freio de estacionamento, que requer parar o carro para uma simples correção do espelho; o rádio peculiar, em que o botão central não comanda o volume; e o controle elétrico de vidros nas portas traseiras, muito recuado no apoio de braço.

No painel, os marcadores digitais de combustível e temperatura "somem" com faróis acesos de dia (não há ajuste na intensidade de luz) e no carro avaliado as portas não travavam em movimento, inesperado hoje em dia. Além disso, os porta-objetos no topo do painel (debaixo de sol e à vista com o carro parado) não suprem bem a falta de locais no console; já o espaço junto ao teto pode deixar os itens caírem com o movimento do carro e ainda representa risco de se bater a cabeça ao entrar. O ar-condicionado impõe uma escolha: alto nível de ruído na terceira velocidade ou refrigeração insuficiente na segunda.

E, mesmo nesta versão de topo, faltam diversos itens esperados em sua faixa de preço, como iluminação para a parte traseira da cabine, função um-toque e temporizador para o controle elétrico de vidros, faixa degradê no para-brisa, proteção por ultrassom no alarme antifurto, indicador de temperatura externa e uma simples tampa no espelho do para-sol do passageiro. Diante de tanta simplicidade, surpreende ver o capô ser erguido por molas a gás, como se fosse um carro de luxo...

Por causa da tração suplementar, a versão 4WD traz o estepe (de tamanho integral, mas com roda de aço) dentro do compartimento de bagagem, sob o assoalho, o que reduz sua capacidade de 475 para 400 litros, ainda aceitável para o tipo de carro. Ao dispensar o estepe preso à traseira, o Duster pôde receber uma quinta porta com abertura para cima, mais prática que a articulação lateral do EcoSport. O que deveria ser revisto são o banco traseiro, com divisão 60:40 só no encosto, e a cobertura divisória — como é mole, mas não do tipo que se enrola, torna-se um estorvo quando retirada do lugar para o transporte de cargas maiores.

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Data de publicação: 25/2/12

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