Igual a um 207 na metade
dianteira, o Hoggar acrescenta uma caçamba espaçosa; a suspensão
traseira independente veio do furgão Partner
A tampa de fácil remoção pode
ser trancada; o estepe também se protege de furto; pneus de uso misto
175/70 R 14 estão bem escolhidos |
As "quatro grandes" do mercado nacional acumulam cerca de 30 anos de
produção de picapes leves derivados de automóveis. Com exceção da Ford,
já estão em sua terceira geração e, como se espera de um processo
evolutivo, encontraram nesse período formas de oferecer mais em
conforto, praticidade e eficiência no transporte de carga ou no uso
pessoal.
A Peugeot foi a primeira das "estreantes" — as marcas que se instalaram
por aqui desde a década de 1990 — a entrar nesse segmento com o Hoggar,
lançado no ano passado. Sem muita experiência no assunto mesmo no
exterior, pois só havia fabricado o 504 Pickup de uso estritamente
utilitário, a marca francesa combinou elementos da família 207 e do
furgão Partner. E o resultado superou as expectativas, como pudemos
comprovar com a versão XR de 1,4 litro, a de maior participação nas
vendas.
É verdade que o desenho do Hoggar divide opiniões, sobretudo pela
solução usada na traseira, com imensas lanternas que envolvem as
laterais (contudo, mais com refletores que luz) e para-lamas abaulados.
Mas há boas soluções como a tampa da caçamba com fácil remoção, e por
isso trancada a chave, e o recesso à frente das rodas de trás, útil como
degrau para se amarrar uma carga mais alta — e que aloja saídas para o
ar da cabine, pois a região ali é de baixa pressão. A cobertura
marítima, oferecida nas concessionárias, tem utilização simples e a área
de carga conta com protetor plástico.
Em capacidade volumétrica na caçamba (1.151 litros até as bordas) o
Hoggar está entre os líderes de sua categoria, mas cai várias posições
quanto ao peso admissível: 660 kg, incluindo motorista e eventual
passageiro, ante a média de 700 kg dos concorrentes. Existem seis
ganchos externos e quatro internos para amarração dos volumes e o estepe
fica debaixo da caçamba, com liberação por um parafuso só acessível
quando a tampa da caçamba está aberta, para evitar o furto do pneu.
Com o interior todo aproveitado da seção dianteira do 207, quem dirige o
Hoggar sente-se no automóvel da linha. Esta versão XR não promete luxo:
a parte lateral dos bancos é revestida em vinil, o tecido é áspero, o
volante vem em plástico algo duro e o acabamento essencial dispensa
refinamentos, que ficam reservados à opção de topo, a Escapade. Mas há
itens de conveniência adequados à proposta, como controle elétrico dos
vidros (com temporizador, mas com botões
no console, não a melhor posição) e travas (com comando a distância),
rádio/toca-CDs com MP3, luz interna e faróis com temporizadores e
espelho em ambos os para-sóis.
O motorista acomoda-se bem em um banco que, como o volante, é regulável
em altura, embora a forma de ajuste (que requer aliviar o peso no
assento para erguê-lo) esteja longe do ideal. Como em todo 207, o
volante fica mais distante do condutor do que deveria. O quadro de
instrumentos inclui conta-giros e sua iluminação em tom laranja é
agradável e funcional. Atrás dos bancos há espaço razoável e uma rede
para objetos.
Entre os detalhes bem pensados, o comutador de faróis é do tipo que
apenas se puxa e não permite acendê-los já em facho alto; uma sineta
toca no caso de arrancar com uma porta mal fechada; e o lavador de
para-brisa distribui bem a água como poucos já vistos. O retrovisor
esquerdo usa lente convexa, os faróis
têm refletor duplo e há unidades
dianteiras e traseira de neblina. Falta o ajuste de altura dos cintos e
— bem conhecido da linha 207 — o botão de buzina dificulta dar um toque
breve.
Continua |