Com mecânica atualizada, que
ganhou em eficiência no modelo 2009, o veterano da Fiat continua uma
válida opção de carro com baixos custos
O baixo peso torna o
desempenho convincente, apesar da potência de até 66 cv, e contribui
para o baixo consumo ao lado do câmbio longo |
Como se fosse ontem
Aos 25 anos, o ex-Uno — hoje Mille — prova
que simplicidade, economia e um
bom projeto ainda fazem um vencedor
Texto: Gino Brasil - Fotos:
divulgação
Vinte e cinco anos, um quarto de século, é um bom tempo para qualquer
coisa ou ser. Para um carro que ainda está em produção e vende muito
bem, é um tempo que devemos no mínimo respeitar. Desde agosto de 1984,
quando foi lançado no Brasil, o Uno — hoje apenas Mille — sai da linha
de produção da Fiat em Betim, MG e não demora a encontrar um comprador.
A razão para tanto tempo de sucesso? São diversas.
O Mille é, acima de tudo, um carro honesto em sua proposta e finalidade,
que cativa o público pelo preço e pela relação custo-benefício. Já há
anos é o nacional mais barato de nosso mercado (disputa o menor preço em
absoluto com o chinês Effa M100), custando hoje R$ 22.940 na versão
básica de três portas e R$ 25.150 na Way de cinco portas, sem opcionais.
E mantém diversos atributos para cativar entre 10.000 e 15.000
compradores todos os meses, o que o sustenta como terceiro carro mais
vendido no País, perdendo para Gol e Palio somente.
Equipado com o motor Fire de 1,0 litro flexível em combustível, o Mille
é dos mais eficientes nesse quesito, apresentando números de consumo dos
mais satisfatórios. Os números apontados na simulação do Best Cars
(leia boxe) comprovam que
o Mille não gosta de posto de gasolina. Quando se fala em baixo consumo
vem à mente baixo desempenho, mas no do Mille isso não é uma realidade.
Evidente que o carro tem suas limitações, pois a unidade motriz produz
66 cv quando abastecida com álcool e 65 cv com gasolina e torque de
9,2/9,1 m.kgf, na ordem. São números apenas razoáveis para um motor
1,0-litro, pois várias marcas — como a própria Fiat no
Palio — já têm superado 75 cv. No
entanto, o Mille é um carro leve, pesando apenas 840 kg, o que faz com
que a relação peso potência de 12,6 kg/cv seja satisfatória e o motor
confira um desempenho que chega a surpreender.
Sua vivacidade no trânsito urbano chega a ser melhor que a de muitos
carros equipados com motor de 1,4 litro. E o motor recebeu melhorias
para a linha 2009 (saiba mais
sobre técnica). As relações de marcha estão corretas para o motor, o
que traz pouco incômodo em velocidades usuais em estradas, ao contrário
de outros modelos da mesma cilindrada — até mesmo o Palio. Embora a
quinta marcha da versão Way não tenha sido alongada em 4% para 2009,
como ocorreu com o Mille Economy básico, seu regime a 120 km/h é de
moderadas 3.900 rpm. Ainda é de se notar que a preocupação com material
fonoabsorvente passou longe das prioridades da Fiat, mas isso é algo
compreensível em um carro com a proposta de ser barato, um simples meio
de transporte.
Os engates de marchas do câmbio do Mille são muito bons e não permitem
que a sina que a Fiat carregou por décadas, de carros com câmbio duro,
se perpetue. Isso é coisa do passado. Por outro lado, sem o atual anel-trava para
engatar a ré seu uso era mais prático. A suspensão do Uno, que sempre foi conhecida por ser dura, não
mudou: continua com a configuração de firmeza que, se causa certo
incômodo em pisos irregulares, é satisfatória quando mais exigida em
curvas ou trechos sinuosos. Seu comportamento em curvas continua muito
bom. No caso da versão Way, a altura de rodagem é 44 mm maior, em parte
pela suspensão e em (menor) parte pelos pneus, cuja medida cresce de
165/70 R 13 do Mille básico para 175/70 R 13.
Problemas
internos
Um artifício utilizado
pela marca para minimizar a sensação de suspensão dura foi a instalação
de bancos bem macios. Isso, contudo, traz uma consequência desagradável:
o cansaço do corpo em períodos mais longos dentro do carro, pois não se
fica bem apoiado como em um banco mais firme. A Fiat poderia rever a
questão, pois os bancos realmente incomodam pelo excesso de maciez.
Continua
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