Simpático é o mínimo que se pode
dizer do 500, que se inspira no carro lançado em 1957, mas com mecânica
moderna e maiores dimensões
No interior, toques originais de
desenho e decoração, bom espaço na frente e limitado atrás; uma parte do
painel segue a cor da carroceria |
Na
década de 1930, a Fiat italiana precisava de um carro de entrada, um
modelo tão popular que pudesse ser comprado pelo operário italiano. Seu
preço não poderia ultrapassar 5.000 liras. Diante dessa premissa foi
desenvolvido o primeiro 500,
um carro simples e eficiente, que ganhou o apelido de Topolino.
Consolidado seu sucesso, ele deu lugar em 1957 a um novo
500, que manteve o conceito de
carro simples, acessível e eficiente.
E foi no desenho desse carrinho que o 500 dos tempos modernos se
inspirou. Embora buscando uma concepção de estilo simples e funcional,
ele traz diversas diferenças técnicas para os 500 do passado, como a
posição do motor, que no primeiro (e agora no terceiro) vem na frente,
ao passo que o dos anos 50 tinha motor traseiro. Repete-se aqui o que
aconteceu há 10 anos com o Volkswagen New Beetle, inspirado pelo Fusca
original, mas muito diferente dele na mecânica.
Ícones não são esquecidos — por isso se tornam ícones, pois trazem
características que os fazem diferentes, bem-sucedidos e apreciados. E a
indústria automobilística percebeu que poderia, com sucesso, recriar
esses ícones com tecnologia atual e conceitos melhorados, para oferecer
esses novos carros a pessoas que não tiveram a oportunidade de dirigir
os originais, mas que em muitos casos guardam boas lembranças de tê-los
na família. A Fiat entrou nessa onda em 2007 ao lançar o terceiro 500 na
Europa. O lançamento foi um sucesso e as vendas do carrinho continuam
com números surpreendentes.
Com diversas opções de motorização e de personalização, o carro atende a
diferentes perfis e representa, para o proprietário, algo mais que um
meio de transporte, quase um brinquedo. Na Europa estão disponíveis sete
modelos de rodas de alumínio, 19 combinações de adesivos para a
carroceria (a do modelo que dirigimos é uma delas), oito coberturas
coloridas para a chave, um pacote aerodinâmico, detalhes cromados (um
deles simula a barra de proteção dianteira do 500 original) e numerosos
padrões e cores de revestimento interno, que chegam à escolha entre
volante preto, branco e marrom.
Embora já tenha chegado ao Brasil — por altos preços — via importadores
independentes, ele em breve virá pelas mãos de seu fabricante, que prevê
o lançamento para outubro e um preço competitivo, por volta de R$ 60
mil, para concorrer diretamente com o New Beetle e o
Smart, em patamar inferior ao do
Mini Cooper. Todos eles são dos chamados
carros de imagem, que mexem muito mais com o lado emocional que o
racional na compra.
Se compararmos o novo 500 com o original dos anos 50 (o Topolino fica um
pouco de lado), será fácil notar as semelhanças de desenho em vários
detalhes e até na silhueta da carroceria. De resto, porém, não há nada
de parecido. O carro — e não poderia ser diferente — cresceu e engordou
bastante: todas as dimensões são maiores que as do original. E, tal como
no New Beetle, o conceito do carro antigo também não foi replicado, já
que o novo modelo não se presta a ser simples, funcional e popular.
Mas isso não fez com que o 500 perdesse sua beleza e seu charme. Essa
releitura de um carro produzido há mais de 50 anos realmente cativa pela
aparência, pois é muito simpática. É o carro que se vê e se esboça um
sorriso. Por fora ele é pequenino e um pouco alto, mas seu desenho é
harmonioso — não há nada fora do lugar ou que destoe —, somado à enorme
personalidade.
Continua |