A nova raposa (fox em inglês) da VW não tem pneus adequados para a lama, mas o vão livre e a robustez da suspensão parecem suficientes para alguma diversão

Ao volante   A apresentação do CrossFox à imprensa, entre Guarulhos e Campos do Jordão, SP, envolveu rodovia plana, serra e um percurso fora-de-estrada na estância turística paulista. Ao assumir o posto do motorista, a primeira sensação: que carro alto! A posição já elevada do Fox acentuou-se nesta versão, deixando-o parecido com um utilitário esporte — pelo menos nesse aspecto.

Logo ao sair, nota-se certa preguiça em ganhar velocidade, pela largura exagerada dos pneus. Um carro desse porte e peso jamais precisaria de 205 mm de seção, a não ser por questão estética. Os "sapatos", aliás, são comuns de asfalto e não do tipo cidade/campo, usado pela Fiat em sua linha Adventure. Na primeira esquina, a espessa e perigosa coluna esquerda do pára-brisa, já bem conhecida do Fox, mostra-se ainda mais ameaçadora, já que o motorista está mais alto e enxerga o tráfego por sua seção inferior, mais larga. Ah, por que não fizeram um CrossPolo?

No uso urbano, a não ser pela altura, o rodar lembra o do Fox, mas os buracos são absorvidos pelos grandes pneus com mais tranqüilidade, enquanto as lombadas parecem menores a bordo do CrossFox. Por outro lado, fica a impressão de que a suspensão está ainda mais dura do que na versão original, o que afeta o conforto em pisos irregularidades, tão comuns por aqui. A mesma firmeza o deixa desagradável em estradas com ondulações, onde o movimento longitudinal da carroceria (para frente e para trás) é claramente transmitido aos ocupantes, que se sentam bem altos. Um bom convite a enjôos... A nota positiva é que, tomando as curvas com vigor, seu comportamento é sadio, sem balançar ou transmitir insegurança. As "patas" são bem aderentes e é difícil encontrar seu limite.

O trecho fora-de-estrada era dos mais leves, com terra e algumas poças de lama, mas serviu para apontar algumas limitações. Se o vão livre é suficiente para esse tipo de uso, há o problema da tração: acelerar ao passar pela lama gera patinação instantânea de uma das rodas, sinal de que os pneus já perderam aderência. Para dar ao CrossFox condições razoáveis como um fora-de-estrada, seria preciso dotá-lo de diferencial autobloqueante e pneus de uso misto, mas estes últimos trariam perdas em conforto, estabilidade e vida útil que não parecem interessar.

Quanto isso vai custar quando estiver à venda, na segunda quinzena de abril? A partir de R$ 39.712, valor que a VW divulga como o menor do segmento, pensando no EcoSport 1,6 (R$ 42,8 mil em versão XL, R$ 44 mil em XLS e R$ 48,1 mil em XLT) e na Palio Adventure 1,8 (R$ 46,3 mil). Só que o ar-condicionado — de série na perua da Fiat — é opcional no VW, a exemplo do Ford.

Os equipamentos de série do CrossFox incluem direção assistida, quatro faróis auxiliares, rodas de alumínio, banco do motorista com ajuste de altura, preparação para áudio e terceira luz de freio. Pode receber ainda controle elétrico dos vidros, travas e retrovisores, alarme comandado a distância, volante com ajustes de altura e profundidade, bolsas infláveis frontais, rádio/toca-CDs com comandos no volante, sistema antitravamento de freios (ABS), aquecimento e bancos de couro.

Está aí, portanto, mais um carrinho de suspensão alta que não serve para aventuras nas trilhas, mas traz a robustez no uso urbano e o jeito valente que muitos procuram nesse tipo de veículo. Se as desvantagens trazidas por suas diferenças não constituírem problema, pode ser a opção certa.

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