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A irreverência das linhas externas repete-se nas maçanetas internas, nos difusores de ar (iguais aos do Ka) e no quadro de instrumentos, composto por um conta-giros em forma de arco, um mostrador em cristal líquido no centro (com velocímetro e hodômetros) e os marcadores de combustível e temperatura em suas laterais. O conjunto impressiona à primeira vista e tem fácil leitura, embora o ponteiro do conta-giros exija certa atenção para ser visto. A iluminação não é prejudicada ao acender os faróis durante o dia.

Maçanetas de desenho interessante, difusores de ar funcionais e, ao lado do rádio, o
prático interruptor das travas "de criança" das portas traseiras, inédito em um nacional

Outro aspecto em que o C3 surpreende é a altura: é mais alto que um Fit, com 1,53 metro, o que facilita o acesso e garante bom espaço vertical mesmo no banco traseiro. Por outro lado, neste as acomodações para pernas são precárias, abaixo da média do segmento (o entreeixos mediano de 2,46 metros não contribui). Como tem sido comum nos novos carros, a posição de dirigir elevada lembra a de uma minivan, com volante e pedais bem posicionados, mas alavanca de câmbio baixa demais -- o topo fica ao nível do assento.

Abaixo do banco do passageiro há uma gaveta para objetos; atrás dos encostos dianteiros, mesinhas "de avião" (no Exclusive); no console, dois porta-copos, caso se remova o cinzeiro. Lamentável a posição dos controles de vidros, todos no console, com comandos únicos para os traseiros -- não há repetição nas portas. Estes últimos parecem mais adequados ao acionamento com os pés...

O eficiente painel digital, de fácil leitura, e os apoios de braço dianteiros contrastam
com a péssima posição dos controles de vidros traseiros, sem repetição nas portas

Grande sacada é o interruptor no painel para a trava de segurança das portas traseiras. Possui ainda alerta programável para excesso de velocidade, buzina na almofada do volante (chega da mania francesa de alavanca à esquerda...) e pára-brisa com elevada reflexão de calor, mas poderia haver faixa degradê.

O acabamento interno é bom mas simples, com plásticos rígidos -- nada de compacto premium, como o anuncia o fabricante --, e usa tecidos escuros, inadequados a nosso clima, embora preferidos por muitos. O porta-malas tem capacidade de 305 litros, como no novo Fiesta, os maiores da categoria, mas a base de acesso é mais alta do que seria ideal. O estepe fica por dentro, em abandono à tradição da marca.

Nova plataforma, motor conhecido Ao contrário do que se poderia esperar, pela cooperação entre as associadas Peugeot e Citroën, o C3 não compartilha a plataforma do 206: utiliza uma inédita, que deverá se estender aos futuros C2 e Peugeot 207. Importante diferença está na suspensão traseira por eixo de torção (como no 307) e não por braço arrastado, esta a solução tradicional em carros franceses.

As mesas "de avião" seguem a tendência das minivans; as rodas de alumínio vêm
apenas no Exclusive, mas todo C3 tem aro de 15 pol e freios a disco com ABS

O motor, em contrapartida, é bem conhecido: o eficiente 1,6-litro de 16 válvulas e 110 cv, produzido em Porto Real, o mesmo do 206 e do Xsara e que corresponde ao topo da oferta do carro na Europa (lá existem também versões de 1,1 e 1,4 litro, com 61 e 75 cv, na ordem, além do 1,4 a diesel). De funcionamento muito suave, entrega o torque máximo de 15,6 m.kgf a 4.000 rpm, mas a 2.000 giros já estão disponíveis mais de 13 m.kgf. O torque máximo é superior ao da versão Peugeot, talvez pela taxa de compressão aumentada de 10,5:1 para 11:1.

Embora o C3 seja dos mais pesados do segmento (1.075 kg), seu desempenho geral é muito bom, como constatamos em uma avaliação de cerca de 120 km por São Paulo e na Rodovia dos Imigrantes. Não é preciso recorrer a altas rotações e, caso utilizadas, o nível de ruído e vibrações é bastante baixo -- e sem utilizar revestimento sob o capô. A marca anuncia velocidade máxima de 196 km/h e aceleração de 0 a 100 km/h em 9,8 segundos. Continua