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O caminho de volta, porém, começa a ser percorrido por alguns modelos -- até dentro da própria VW. No final do ano passado o Polo 1,6 e o Gol 1,0 16V tiveram a quinta marcha alongada em 5%, o que é pouco no primeiro caso, mas já indica um passo no rumo certo. A GM também aderiu ao câmbio longo no Corsa 1,8 e na Meriva, e a Citroën, no Xsara 1,6. Na Ford, os Focus 1,8 e 2,0 são bons exemplos de relações longas, embora isso se deva à procedência argentina -- se fabricados no Brasil, a marca talvez sucumbisse à tentação de encurtá-las.

No Corsa 1,8 e na Meriva, a escolha de um câmbio longo privilegia o conforto, além de mascarar a falta de suavidade do motor, que trabalha em menor rotação

Os efeitos   O que o consumidor ganha e perde com os câmbios curtos? O benefício mais apontado, o da agilidade, é um tanto relativo. A maior vantagem é que, pela maior proximidade entre as relações que se verifica em certos casos, o motor permanece em rotação mais alta após a troca de marcha, o que agrada aos ouvidos quando se acelera um modelo esportivo com vigor, além de poder trazer um mínimo ganho nos tempos de aceleração. Se o leitor é dos que disputam arrancadas de semáforo a semáforo...

Para motoristas "preguiçosos", que não gostam de operar o câmbio para uma retomada ou ultrapassagem, há o benefício de contar com respostas mais ágeis em última marcha. O que muitos desconhecem é que um carro de caixa longa, do tipo 4+E, pode ser dirigido até à velocidade máxima -- por quanto tempo se desejar -- na quarta marcha, que em geral garante maior agilidade que a quinta de um câmbio curto.

Existe também a questão de "transpor lombadas em terceira", principal justificativa da VW para o câmbio do Polo. Um engenheiro da marca garantiu-nos, por ocasião do lançamento, que os testes indicaram aquela como a melhor relação para essa condição de uso. Pois nos percursos usuais de avaliação do BCWS, em que esses tormentos bem brasileiros são uma epidemia, foi possível transpor a maioria deles em quarta...

Para transpor lombadas em terceira marcha, todo o câmbio tem de ser reescalonado, deixando a quinta curta demais -- o que não é o caso da Escort SW

De resto, apenas desvantagens. A principal é o nível de ruído, que cresce em razão direta com o aumento das rotações provocado por essa opção dos fabricantes. Quem dirigiu os primeiros carros de 1,0 litro lembra-se de como o câmbio longo trazia certo alívio aos ouvidos quando a quinta marcha era engatada. Hoje, mesmo com motores até 50% mais potentes (sem falar em superalimentação), os câmbios estão mais curtos.

Mais rotações, maior consumo: a regra é praticamente absoluta, como mostra o método de direção econômico recomendado por especialistas e pelo BCWS (saiba mais). Assim como qualquer carro consome mais ao viajar, digamos, a 100 km/h em quarta em vez de quinta marcha, é esperado um aumento de consumo quando a última marcha é mais curta, pois o carro trafega "sobrando rotação" -- ou "pedindo marcha", como muitos definem.

Se há alguns anos qualquer um aceitaria gastar um pouco mais em troca de agilidade, hoje essa questão merece uma ótica diferente. Em 1984, quando o governo solicitou aos fabricantes reduzir o consumo dos carros em 5%, prontamente tomaram-se medidas como alongar as relações de diferencial. No Fusca 1,6, por exemplo, passou de 4,12:1 para 3,88:1. Não seria o momento de repetir essa medida? Continua

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