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Série especial, nem
sempre um bom negócio

As versões limitadas têm estilo personalizado e mais
acessórios, mas é preciso analisá-las com cuidado

Texto: Eduardo Alves e Fabrício Samahá - Fotos: divulgação

Surf, Club, Formula, Turim, Los Angeles, 500 Anos, 75 Anos, Power, Milenium... O leitor já percebeu que essa salada de nomes refere-se às chamadas séries especiais. Elas são uma prática antiga como edição comemorativa do modelo ou da marca, mas o que se vê hoje é uma banalização desse recurso com um único objetivo: melhorar as vendas.

Num mercado cada vez mais inflado de marcas e modelos, as séries limitadas caíram como uma luva na tentativa de seduzir compradores -- e tornaram-se um oásis na mesmice de ofertas dos produtos. Tão especiais nas décadas passadas, essas versões ficaram banalizadas nos dias de hoje. A maioria dos fabricantes utiliza esse artifício de marketing -- e parece que a fórmula vem dando certo, a contar pela quantidade de séries lançadas.

A Volkswagen é a campeã das séries especiais no mercado nacional, com versões como o Saveiro Fun, no alto. Outra que as utiliza muito é a GM, como no Monza 500 EF, ao lado

A receita é simples. Partindo-se quase sempre de uma versão simples, enche-se o carro de equipamentos e acessórios -- em geral aqueles mais aparentes por fora, mesmo que sem nenhuma utilidade prática --, pinta-se um detalhe aqui, troca-se outro ali, muda-se o desenho das rodas e pronto: tem-se uma série especial. Mas por que ela acaba sendo mais barata que as outras de equipamento similar?

Ao carregar o carro de opcionais, o cliente paga por cada um deles. Com as séries especiais as marcas não cobram o mesmo valor dos acessórios que normalmente cobraria numa versão de linha: os opcionais são aglomerados num único "pacote" e concede-se uma espécie de desconto. Os modelos apresentados acabam ficando mais bonitos e com um visual exclusivo, embora alguns de gosto duvidoso, como o Gol Fun com molduras de farol pintadas na cor do carro. Mas e na hora de vender, como fica?

Por trás da aparência caprichada é que se percebe: a maioria das séries deriva de versões básicas, como o Vectra Milenium, baseado no GL. E assim são consideradas na hora da revenda

Normalmente o mercado vê a série especial como um veiculo básico, com um retoque aqui e outro ali. Da mesma forma que não se espera uma melhor avaliação na hora da troca em veículos com acessórios de "perfumaria" instalados após a compra, como rodas de alumínio, aerofólio e faróis de neblina, as mudanças estéticas das séries também causam pouco ou nenhum impacto financeiro na hora da avaliação.

Em geral, uma análise atenta dessas opções mostra desvantagens que o capricho estético escondia. Um Vectra Milenium podia parecer mais sofisticado que o próprio GLS, por sua aparência externa, mas numerosos detalhes internos revelavam sua origem no básico GL. O atual Gol Trend -- à parte o exclusivo motor 1,0 8V de 65 cv -- agrada pelo spoiler traseiro e rodas de 14 pol, mas é um verdadeiro "pé-de-boi" em termos de conveniência e segurança, sem ao menos o desembaçador do vidro traseiro.

Algumas edições limitadas marcam experiências com novos recursos: os amortecedores eletrônicos do XR3 Formula foram oferecidos no XR3 comum, ao lado, quando a série se esgotou

Em alguns casos, optar pela série especial chega a trazer prejuízo. Muitos se lembram do Voyage Los Angeles, alusivo aos Jogos Olímpicos de 1984, pintado num azul muito chamativo que quase ninguém aprovou. Revender um desses carros foi um desafio. O primeiro GM com injeção, o Monza 500 EF de 1990, também trouxe perdas: seus compradores pagaram caro por um modelo já envelhecido, que seria reformulado para o ano seguinte, aumentando a desvalorização. Continua

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Data de publicação deste artigo: 2/2/02

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