O pequeno DKW F1, em 1931, e
o requintado Mercedes 500K em 1934: lançamentos do período entre guerras
quando o salão estava em Berlim
O BMW 328 foi atração do evento
em 1936; três anos depois aparecia o KdF-Wagen, que após a guerra
conquistaria as ruas de todo o planeta |
O
evento alemão IAA, Internationalen Automobil-Austellung (Salão
Internacional do Automóvel), está em uma posição curiosa entre os
maiores do mundo: iniciado em 1897, pode ser considerado o mais antigo
dos salões, mas só se for incluído o período anterior a seu
estabelecimento em Frankfurt. Em caso contrário, o título vai para o de
Paris, que começou no ano seguinte.
A primeira edição mal podia ser chamada de salão: sediada no Hotel
Bristol, em Berlim, teve um só dia e expôs oito veículos, que aos poucos
despertavam o interesse da população. Embora modesto no tamanho, foi
promissor: daquele ano até 1911 a Alemanha teria salões de automóveis
anuais e, entre 1905 e 1907, duas vezes por ano. O Kaiserliche
Automobil-Club (Automóvel-Clube Imperial), em Berlim, tornou-se um
importante ponto de encontro onde príncipes e nobres debatiam os rumos
das "carruagens sem cavalos". Com as linhas de produção, fabricar
automóveis deixava de ser uma atividade artesanal, que resultava em
preços inacessíveis. Em 1912 o país já contava com 124 fabricantes de
veículos que somavam 36 mil funcionários. Dois anos depois, a oferta
superava 200 modelos de carros, sem contar os mais de 80 tipos de
caminhões. Mas então veio a Primeira Guerra Mundial e a produção foi
voltada a veículos militares.
Em 1921, três
anos após o encerramento do conflito, Berlim voltava a sediar o evento.
A 14ª edição do IAA reunia 67 fabricantes, com 90 automóveis e 47
caminhões. O salão seguinte ocorria dois anos depois, em meio a um
cenário de inflação, e introduzia os caminhões a diesel — o motor,
patenteado 30 anos antes, estava até então restrito a navios e
aplicações estacionárias. O crescente número de expositores já levava à
divisão do evento em duas áreas, uma para carros, outra para veículos
comerciais.
Mas a Alemanha ficaria isolada do mundo, em termos de salões, até 1926.
A RDA (Reichsverband der Automobilindustrie, Associação da Indústria
Automobilística do Império) recebeu restrições da associação
internacional de fabricantes, devido à guerra, e durante esse período
não houve carros estrangeiros no IAA nem veículos alemães em salões no
exterior. Depois da 21ª edição, em 1928, houve uma lacuna de dois anos
por causa da recessão mundial que se seguiu à quebra da bolsa de Nova
York. Mas em 1931 ele retornava com grande êxito e recebia 295 mil
visitantes. O DKW F1 fazia então sua estreia. Em edições seguintes foi
palco para lançamentos importantes como o
Mercedes-Benz 500K (1934),
conversível dotado de compressor no
motor V8, e o BMW 328 (1936),
roadster que obteve mais de 200 vitórias nas pistas em quatro anos.
O último IAA antes da Segunda Guerra Mundial aconteceu em Berlim, em
1939, a cerca de seis meses do conflito. Nessa 29ª edição, que teve
recorde de 825 mil visitantes, estavam duas unidades do KdF-Wagen —
Kraft durch Freude, ou Força através da Alegria, um dos lemas do partido
nazista. O curioso carro em forma de besouro ainda não havia recebido o
nome que o faria famoso: Volkswagen.
Entretanto o início da produção, previsto para outubro daquele ano, teve
de ser adiado por longo tempo.
O
pós-guerra
A destruição de numerosas fábricas alemãs tornou difícil, para aquela
indústria, retomar sua produção e desenvolver novos carros. A VDA (Verband
der Automobilindustrie, Associação da Indústria Automobilística Alemã),
fundada em 1946, precisou de mais quatro anos para organizar o primeiro
salão germânico após o conflito.
Continua
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