Fuga ao convencional

Parte de uma linha com hatch e sedã de estilo comportado, o
Volvo 480 chamou atenção pelas formas ousadas e esportivas

Texto: Fabrício Samahá - Fotos: divulgação

Frente baixa com faróis escamoteáveis, linhas modernas, terceira porta formada apenas por vidro: o 480 não se parecia com os Volvos comuns

Protótipos de um conversível foram feitos, mas a versão nunca chegou ao mercado; um deles permanece no museu da Volvo em Gotemburgo

Embora mais conhecida por grandes sedãs e peruas, como os da longeva série 200 fabricada entre 1974 e 1993, a sueca Volvo também se manteve presente entre os carros compactos desde a década de 1970, quando adquiriu a empresa holandesa DAF e passou a produzir o modelo 66 com sua própria marca. A ele seguiu-se a linha 300, ainda com tração traseira, feita entre 1976 e 1991. Nos anos 80, porém, a concepção técnica desses automóveis estava ultrapassada diante da concorrência.

A Volvo passou então a desenvolver uma nova linha, composta por um sedã de quatro portas e um hatchback de cinco, e em paralelo — usando componentes em comum na plataforma e na mecânica — elaborou um hatch esportivo de três portas e quatro lugares, que seria anunciado ao mercado como um cupê.

O primeiro a ser apresentado foi justamente o esportivo, em outubro de 1985. O 480 inaugurava a série 400 com um desenho criativo e ousado, inesperado para a sisuda marca sueca. Tinha frente baixa com faróis retangulares escamoteáveis, amplos vidros e a terceira porta composta por um grande vidro sem moldura aparente, que se combinava às lanternas horizontais. A solução não era inédita na Volvo: algo semelhante havia sido adotado em 1972 pela 1800 ES, perua derivada do cupê 1800 S. No interior, os bancos traseiros individuais vinham separados por um console central. Foram feitos protótipos de uma versão conversível, que não chegou à produção.

A série 400 crescia em 1987 com o hatch de cinco portas 440, seguido dois anos mais tarde pelo sedã de quatro portas 460, ambos com cinco lugares e desenhados pelo estúdio italiano Bertone. Fabricados — como os antecessores da linha 300 e o 480 — em Born, na Holanda, na unidade que um dia fez os DAFs, mostravam o estilo típico da marca sueca, com predomínio de linhas retas e sensação de solidez, mas as formas eram mais leves que as de modelos maiores como a série 200 ou mesmo a 700. A ampla área envidraçada e, no 460, a tampa do porta-malas elevada seguiam as tendências da época.

Com comprimentos de 4,25 metros (480), 4,31 m (440) e 4,40 m (460) e a mesma distância entre eixos de 2,50 m, esses Volvos eram carros médio-pequenos para os padrões de seu tempo, a mesma classe de Fiat Tipo, Ford Escort/Orion, Opel Kadett, Peugeot 309, Renault 19 e Volkswagen Golf/Jetta, entre outros. Assim como eles, a gama 400 trazia o motor em posição transversal e adotava tração dianteira — pela primeira vez na história da marca. O peso variava de 990 a 1.070 kg, conforme a versão.

Uma unidade Renault de 1,7 litro era a única oferecida de início, com escolha entre carburador (para potência de 87 cv e torque de 13,2 m.kgf) e injeção multiponto (106 cv e 14,3 m.kgf). O primeiro equipava o 440 e o 460, mas não o 480. Com o mais potente, os carros alcançavam velocidade máxima de 185 km/h. Mais tarde foi lançada a versão Turbo, com turbocompressor e resfriador de ar aplicados ao mesmo motor, que então passava a 122 cv e 17,7 m.kgf. Com máxima de 200 km/h e aceleração de 0 a 100 km/h em 9,5 segundos, esses Volvos se equivaliam a concorrentes de 2,0 litros em desempenho.

Tanto o Turbo quanto o acabamento GLT (não disponível para o 480) mostravam decoração esportiva com rodas de alumínio de 14 pol e pneus 185/60, defletor traseiro e suspensão mais baixa e firme. O câmbio manual de cinco marchas era um padrão. Em todos, a suspensão dianteira seguia o consagrado conceito McPherson; já a traseira usava eixo rígido com barra Panhard. Continua

 

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Data de publicação: 12/4/11

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