O conversível de luxo W14, projetado por Porsche com um motor de 3,0 litros, e um furgão da linha W17, com seis cilindros e apenas 1,7 litro

Linhas mais arredondadas para os modelos W21 (em cima) e W22; com o mesmo chassi, tinham motores de seis cilindros de cilindrada diversa

Com o esportivo W25K (também na abertura deste artigo), patamar de desempenho superior: 145 km/h com motor de 2,0 litros e compressor

Em seus últimos anos a marca lançou o W24 (em cima), três modelos mais luxuosos (no centro o W52) e o Streamline Special de competição

No começo dos anos 30 vinham outras opções. O W14 12/65 PS, de 1931, era um carro esporte projetado por Ferdinand Porsche — o pai do Volkswagen — com base no W11. Foi o primeiro trabalho da empresa de consultoria Porsche para um fabricante de automóveis alemão. Com 5 m de comprimento, 1,72 m de largura, 1,65 m de altura e 3,10 m entre eixos, esse sofisticado conversível de dois lugares usava um motor de seis cilindros em linha, 2.970 cm³ e 65 cv também desenhado por Porsche para alcançar 105 km/h e pesava imponentes 1.650 kg. O câmbio era de quatro marchas. Apenas 24 unidades foram fabricadas até o ano seguinte, mas seu propulsor ainda seria usado em jipes militares. Em 1932 eram lançados três modelos de uma mesma linha: o W15 6/30 PS, que sucedia ao W10 com a mesma potência do antecessor e maiores dimensões; o W17 7/35 PS, com um compacto seis-em-linha de 1.690 cm³ e apenas 35 cv; e o W20 8/40 PS, com o motor de 1.940 cm³ já usado no W10. Todos tinham 4,50 m de comprimento e vinham como sedã de quatro portas ou conversível de duas.

A Wanderer conquistou uma imagem de solidez, resistência e qualidade associada a avanço tecnológico no começo do século passado, mas não resistiu sozinha à Grande Depressão.
A divisão de motocicletas teve de ser vendida, ainda em 1929, à também alemã NSU e à companhia checa Janeček, o que deu origem à marca Jawa (Janeček + Wanderer). A divisão de automóveis era incorporada à Auto Union em 1932, enquanto a produção de máquinas e bicicletas mantinha a marca Wanderer de forma independente.

Então vinham em 1933 dois lançamentos expressivos, o W21 e o W22, que tinham o mesmo chassi com diferentes motores. No W21 era usado o de 1.690 cm³ e seis cilindros já conhecido do W17, que ele substituía; o W22 vinha com o seis-em-linha de maior cilindrada, 1.950 cm³. Eram modelos avantajados com 4,50 m de comprimento, 1,67 m de largura, 1,65 m de altura, 3 m de entre-eixos e peso de 1.250 kg. Embora levemente arredondado, o estilo mantinha os elementos comuns da época, como para-lamas destacados da carroceria, estribos, faróis não integrados ao conjunto e pequenas janelas. Já produzidos em Zwickau, também na Saxônia, ambos estavam disponíveis como sedã de quatro portas e conversível de duas, sendo as portas dianteiras sempre abertas para trás ("suicidas") e as traseiras para frente. Tinham câmbio manual de quatro marchas no assoalho, tração traseira e a novidade do comando hidráulico dos freios a tambor, que dispensava os antigos cabos. A suspensão traseira já adotava feixes de molas transversais propostos pelo professor Porsche.

Com 35 cv, o W21 alcançava 95 km/h. O modelo passou por duas evoluções — a W235, em 1935, e a W35 um ano mais tarde —, mas sem grandes alterações técnicas ou de aparência, salvo pela eliminação da versão conversível e a chegada de um turismo de quatro lugares no W235. Por sua vez, o W22 chegava a 100 km/h com seus 40 cv e tinha quatro carrocerias: sedã, conversível, turismo de quatro lugares e Pullman Limousine. Teve como evoluções o W240 e o W40, lançados naqueles mesmos anos. Com o W240 vinha um novo desenho das janelas laterais do sedã, mas o Pullman deixava de ser oferecido. Um modelo com motor maior e linhas mais modernas, mas com as mesmas dimensões, era apresentado em 1935: o W245/W250. Se a aparência ganhava com semi-para-choques e uma grade mais ousada, sob o capô um inédito seis-cilindros de 2.257 cm³ fornecia 50 cv e permitia máxima de 100 km/h. Apenas o sedã e o modelo turismo estavam disponíveis no W245, enquanto o W250 completava a gama com sedã, conversível de duas portas e Pullman Limousine de seis lugares, que era 15 cm mais comprido. Um ano depois, com aumento de 5 cv no mesmo motor, as versões eram renomeadas W45 e W50 e ficavam em produção até 1938.

Outro Wanderer que marcou época, o W25K, aparecia em 1936 para rivalizar com o BMW 328. Disponível como conversível e roadster, ambos de dois lugares e duas portas, media 4,22 m de comprimento, 1,68 m de largura, 1,40 m de altura — de longe o mais baixo Wanderer — e 2,65 m entre os eixos e pesava 1.070 kg. O motor de seis cilindros e 1.950 cm³ desenhado por Porsche usava um compressor Roots (kompressor em alemão; por isso a letra K) para alcançar expressivos 85 cv, que se traduziam em máxima de 145 km/h. Não era qualquer modelo que andava junto dele nas autobahnen, as autoestradas de projeto moderno que vinham surgindo desde 1931 na Alemanha. Contudo, o compressor prejudicava o desempenho em baixas rotações e não tinha grande confiabilidade. Das 258 unidades construídas até 1938, as 37 últimas saíram identificadas como W25 apenas, sem compressor e com modestos 40 cv.

A última safra de novidades da marca veio reforçada em 1937 com o W24, de quatro cilindros, 1.767 cm³ e 42 cv; e os W23, W26 e W52, dotados do mesmo seis-cilindros de 2.651 cm³ e 62 cv com válvulas laterais — não mais no cabeçote, por questão econômica. O W24 vinha como sedã de duas ou quatro portas, carro de turismo e conversível, sempre com portas "suicidas" e 4,30 m de comprimento, e foi fabricado por três anos. Os outros modelos diferenciavam-se no tamanho (4,60 m no W23, 4,70 m no W52 e 4,80 m no W26) e nas carrocerias. O W23 podia ser sedã, conversível ou perua de cinco portas; o W52, sedã ou conversível somente; e o W26, turismo aberto de seis lugares ou Pullman Limousine de quatro portas. Nos quatro modelos notavam-se reduções de custo como sistema elétrico de seis volts, mas as versões de seis cilindros contavam com bom desempenho — máxima de 115 km/h. O W52 durou só um ano; os demais foram feitos até 1941.

Entre 1937 e 1939 a Wanderer construiu ainda a pequena série Streamline Special de carros de corrida com carroceria aerodinâmica, destinados a competir na prova Liège-Roma-Liège, que cruzava a Europa e só permitia paradas para reabastecimento. Com linhas muito suaves, os modelos abertos tinham carroceria de alumínio — pesavam apenas 900 kg — e o motor de 1.950 cm³ do professor Porsche com três carburadores e 70 cv, o bastante para alcançar 160 km/h. Na prova de 1939, dois dos três carros fizeram igual número de pontos e ficaram em quarto lugar; a outra unidade ficou em vigésima posição. Dois dos modelos estão desde 2003 nas mãos da Audi, que criou três réplicas para repetir no ano seguinte o percurso da clássica prova dos anos 30.

Com o início da Segunda Guerra Mundial em 1939, a Wanderer desapareceu do mercado de automóveis em 1941 e permaneceu no de veículos militares por mais quatro anos. Embora a companhia ainda exista hoje, o que resta dela sobre quatro rodas — além de carros históricos — é apenas uma das argolas do emblema dos Audis.

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