Alterações mecânicas não recuperaram a imagem do carro após várias convocações; no X11 de 1982 a novidade era o motor V6 com 135 cv

Melhorias técnicas e no interior buscavam atualizar o Citation na série II, de 1984, mas a estratégia não funcionou: saiu de linha em dois anos

O carro-conceito Citation IV, mostrado também no Brasil: linhas fluidas, ótima aerodinâmica e portas destravadas pela digitação de um código

O Citation era chamado na publicidade como “o primeiro carro da GM para os anos 80”, algo que lhe cabia bem, pelas dimensões comedidas, maior eficiência em consumo e estilo criativo, mais em sintonia com o resto do mundo. O nome, citação em inglês, combinava com a idéia de se basear em soluções de modelos estrangeiros para criar um novo. Outro significado da palavra é comenda, honraria alcançada por meio de mérito. Foi o que o modelo conseguiu ao ser eleito o Carro do Ano da revista Motor Trend para 1980. Entretanto, a primeira boa impressão não evitaria posteriores decepções com o modelo. Ao lado do Corvair e do Vega, dois Chevrolets vencedores do mesmo prêmio, ele é até hoje citado para desacreditar as escolhas dessa publicação.

A boa impressão inicial levou a uma corrida às concessionárias que inviabilizou uma oferta que atendesse a demanda. Os atrasos na entregas foram tais que chegavam a nove meses. Para 1981, o V6 em versão High Output (alto rendimento) batizada de Z, exclusiva para o Citation X11, entregava 135 cv e 22,8 m.kgf.  Um novo controle eletrônico, de série, monitorava a mistura ar-combustível de acordo com as condições de direção. Ele compensava mudanças de altitude e temperatura para melhor rendimento e menor nível de emissões e ainda fazia diagnóstico de falhas mecânicas. Com resposta abaixo da expectativa em termos de vendas, o Club Coupe saía de linha. A publicidade do Citation afirmava que “Ele funciona”, referindo-se ao tamanho compacto, o espaço interno de médio e a praticidade de perua da porta traseira.

Injeção eletrônica passou a equipar o motor de quatro cilindros em 1982 e a nova grade tinha só frisos horizontais. No decorrer do ano-modelo, a Chevrolet trouxe de volta o Club Coupe. Todos os carros X ganharam a opção do seis-cilindros Z do X11 naquele ano. Se o Citation funcionava, seus anúncios só não diziam a que custo. Ele até foi inocentado de um processo do National Highway Traffic Safety Administration (NHTSA), órgão do governo americano para regular a segurança no trânsito, que o acusava de perda de controle em frenagens bruscas e falhas na direção. Por outro lado, passou por várias convocações que mancharam sua reputação.

Para 1984, a Chevrolet passou a chamá-lo de Citation II, na esperança de convencer o mercado de que seus problemas de qualidade estavam resolvidos. Eram novos o sistema de direção assistida, os amortecedores, o estabilizador dianteiro, o conversor de torque do câmbio automático, o revestimento interno. Medidas de redução do nível de ruído e de proteção contra ferrugem e pneus radiais para lama e neve estavam entre outras pequenas alterações. Dodge Aries, Ford Tempo, Toyota Camry, Mazda 626 e o Honda Accord estavam entre seus concorrentes.

Numa tentativa de revitalizar o nome do modelo, a Chevrolet até criou um carro conceitual chamado Citation IV, com que pretendia antecipar os anos 90 — e que foi uma das estrelas do Salão de São Paulo de 1984. Entre os atrativos estavam a abertura de portas sem maçanetas por digitação de código nas colunas centrais. Os números do funcionamento do carro eram projetados no lado de dentro do para-brisa. Desenvolvido sobre a mecânica V6 de produção, ele tinha forma de gota, completamente distinta das linhas retas do modelo de produção, e o menor coeficiente aerodinâmico (Cx) de um Chevrolet até então, 0,26. Era um estilo que seria visto em outros conceitos da época, como o Ford Probe V de 1985, o Corvette Indy de 1986 e o GM Impact de 1990, um elétrico mais tarde vendido como EV1.

Infelizmente, nenhuma dessas iniciativas surtiu efeito e 1985 foi o último ano do Citation de produção, que outra vez não contava com o Club Coupe. Um V6 com injeção multiponto sucedeu o Z e o painel foi redesenhado. Sem substituto imediato para o modelo, só para 1988 a Chevrolet apresentaria o cupê Beretta e o sedã Corsica com essa finalidade, dando impressão de que esperava que o Citation II duraria mais. Mais uma vez, a renovação dos produtos da GM não conseguia esconder suas deficiências administrativas, de engenharia ou controle de qualidade.

Seguindo um rastro que vinha desde o Corvair e incluía o Vega, na mesma época ganharam manchetes falhas no Cadillac Fleetwood V8-6-4 com desligamento automático de cilindros, a estratégia de mercado equivocada do compacto Cimarron e defeitos nos V6 e V8 a diesel da Oldsmobile. A influência dos importados não bastou para mudar problemas intrínsecos de Detroit, que hoje colocam em grave risco de concordata sua mais importante indústria. Em especial a centenária GM, ainda há pouco a maior companhia do setor no mundo. Mas a concorrência externa também ajudou a criar o Citation, um carro capaz até de aprimorar conceitos nascidos bem longe dali.

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