O Jeep em miniatura

A tradição da Suzuki em jipes compactos começou pela série LJ,
com versões de 360 a 800 cm³ que chegaram a vários países

Texto: Fabrício Samahá - Fotos: divulgação

Simples no desenho e no interior, o LJ (nas fotos a versão 20) cumpria seu papel fora-de-estrada com tração 4x4 e motor de apenas 360 cm3

Bem mais que por automóveis como Swift e Baleno, importados em pequeno volume, a japonesa Suzuki tornou-se conhecida no Brasil — à parte as motocicletas — pelos pequenos jipes Samurai, Jimny e Vitara e o médio Grand Vitara, que começaram a chegar na década de 1990. O que poucos sabem é que esse tipo de veículo tem longa tradição na história da marca.

Como muitos outros fabricantes de hoje, ela não começou produzindo automóveis. A Suzuki Loom Company, fundada em 1909 por Michio Suzuki, dedicou-se por 30 anos a fazer teares, tendo exportado esse tipo de máquina para diversos países. Só então se decidiu a fazer um carro. O primeiro protótipo, um pequeno modelo com motor de quatro cilindros e 800 cm³, ficou pronto em 1939. Com a eclosão da Segunda Guerra Mundial, os planos tiveram de mudar e os teares retomaram sua atenção até 1951, quando a demanda japonesa por automóveis baratos e econômicos abriu espaço para o primeiro Suzuki de série, o Suzulight. Em 1954 a empresa era renomeada Suzuki Motor Co., Ltd.

Na década seguinte os carros Suzuki começaram a se diversificar. Surgiam o Fronte com motor de 360 cm³, em 1967, e o furgão Carry de mesma cilindrada (o limite para os chamados kei jidosha ou "carros K" pelos critérios do governo) um ano depois. Em 1970 a Suzuki ingressava no mercado de modelos fora-de-estrada com a série LJ. O projeto não era dela, mas da Hope Motor Company, uma pequena fábrica que havia iniciado a produção do jipe Hope Star ON 360 em 1965, usando motor Mitsubishi de dois cilindros a dois tempos, 360 cm³ e potência de 21 cv.

O Star era extremamente simples. A carroceria de chapas planas e angulosas lembrava a do Jeep norte-americano, só que em tamanho menor. Não havia portas e o parabrisa podia ser rebatido para frente. Com grandes pneus, bom vão livre do solo e tração temporária nas quatro rodas (apenas traseira quando a tração total não fosse acionada), era capaz de ir tão longe quanto seu modesto motor permitisse. Cerca de 50 unidades haviam sido feitas quando a Suzuki adquiriu a Hope, em 1968. Ela então assumiu a fabricação do ON 360, rebatizou-o LJ 10 (LJ para Light Jeep ou jipe leve) e relançou-o em dois anos. Em alguns mercados ele foi chamado de Jimny 360, o primeiro uso de um nome ainda hoje empregado pela marca.

A carroceria foi redesenhada para que o LJ parecesse um novo produto. Os faróis circulares e a grade de vãos horizontais foram colocados mais acima, evitando o estranho aspecto do capô muito alto que se notava no Star. A tampa do motor ficou também mais larga, as aberturas laterais para acesso aumentaram e os parachoques ganharam ar mais robusto. Mas a principal modificação feita ao jipe da Hope foi a troca do motor por um "da casa", de mesmas configuração e cilindrada, com arrefecimento a ar, 25 cv e torque de 3,7 m.kgf.

Naturalmente o aumento de potência não o tornou rápido, mas era possível obter certa agilidade com o baixo peso de 590 kg e chegar a cerca de 70 km/h. Havia um sistema de lubrificação automática, para dispensar a adição de óleo dois-tempos a cada abastecimento de combustível. O câmbio era de quatro marchas, todas sincronizadas, e a transmissão contava com caixa de transferência para obter redução. Ambas as suspensões usavam eixo rígido e feixes de molas semi-elípticas. Os grandes pneus tinham a medida 6,00-16, o que contribuía para o amplo vão livre de 24 cm, mas seu desenho fora-de-estrada resultava em ruído e aspereza no asfalto. Continua

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Data de publicação: 14/4/09

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