Denominador comum

Cada uma com seu propósito, as seis versões da série 330 da
Ferrari usaram o mesmo brilhante motor V12 de 4,0 litros

Texto: Fabrício Samahá - Fotos: Ferraris-online.com, Ultimatecarpage.com (LMB) e divulgação

America, o primeiro da linha: um 250 GTE 2+2 com motor de 4,0 litros

No 330 GT 2+2 aparecia um novo estilo, com polêmicos quatro faróis; nas fotos menores, o requinte interno do America (à esquerda) e do GT

A fábrica de automóveis esporte fundada em 1947 por Enzo Ferrari sempre usou formas de denominação as mais diversas. Um número, que podia indicar desde a cilindrada unitária (por cilindro) do motor até seu número de cilindros e a cilindrada total (caso de 512 para 5,0 litros e 12 cilindros), costumava vir acompanhado de uma sigla ou um nome que identificava o modelo ou a família do carro.

Assim, dentro da série 250 era possível encontrar de um sóbrio cupê 250 GT até um arisco 250 LM com motor central e potência de 320 cv. Com a série 330 não foi diferente: houve com tal número quatro modelos de rua e dois para competição na 24 Horas de Le Mans (além da linha 330 P/P2/P3/P4 de competição, que não abordamos aqui), cada um com seu desenho de carroceria e configuração, mas com algo em comum para justificar a denominação: o motor V12 com cilindrada de 3.967 cm³ ou 330,5 cm³ por cilindro — a razão do número 330.

O primeiro Ferrari 330 foi o America, apresentado em 1963 como evolução dos 250 GT 2+2 e GTE 2+2, que haviam sido os primeiros carros da marca com capacidade para quatro pessoas. À parte o número no logotipo, era difícil distinguir um 250 de um 330, pois ambos tinham a mesma carroceria de três volumes bem definidos desenhada por Pinin Farina — a grafia da época ainda não era Pininfarina — e distância entre eixos de 2,60 metros.

As linhas discretas e elegantes traziam faróis em destaque nos pára-lamas, grade ovalada e lanternas traseiras verticais em pára-lamas salientes em relação à tampa do porta-malas. Por dentro, exibiam acabamento luxuoso em couro, painel completo, console elevado (que deixava a alavanca de câmbio bem à mão) e o clássico volante dos esportivos italianos, com três raios metálicos e aro de madeira.

Era sob o capô que eles se diferenciavam. Se o 250 usava o motor V12 "Colombo" (projetado por Gioacchino Colombo) de 2.953 cm³, com potência de 240 cv, no 330 aparecia uma inédita unidade de 3.967 cm³, também com comando de válvulas único nos cabeçotes e três carburadores Weber, que fornecia 300 cv a 6.600 rpm. O motor era igual ao do 400 Superamerica de 1960 (não confundir com o 410 Superamerica de 5,0 litros) nas dimensões de diâmetro e curso, mas mostrava diferenças como o espaço entre os cilindros — para permitir futuros aumentos de cilindrada —, a posição das velas de ignição e o alternador no lugar do dínamo. Apenas 50 unidades do America chegaram às ruas, todas no mesmo ano.

Já em janeiro de 1964 aparecia o verdadeiro sucessor do 250 GTE 2+2, denominado 330 GT 2+2. A carroceria de Pinin Farina originária do 250 recebera alterações na frente, com quatro faróis principais que não agradaram a muita gente, e na traseira com lanternas horizontais e pára-lamas mais baixos, além de se apoiar em um chassi 50 mm mais longo entre eixos (agora com 2,65 m) a fim de acomodar melhor os passageiros do banco traseiro. Continua

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Data de publicação: 28/10/08

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