Um iugoslavo em Nova York

Barato e econômico, mas criticado pela qualidade, o Yugo
levou aos americanos a longeva e desconhecida Zastava

Texto: Fabrício Samahá - Fotos: divulgação

O pequeno 600/750 e o médio 1100, modelos da Fiat feitos pela Zastava

O Fiat 128 deu origem ao 101 iugoslavo, que continua em linha até hoje

Em meados da década de 1980, nos Estados Unidos, um desconhecido carro pequeno de linhas retas passou a aparecer nas revistas com um pretensioso anúncio. Com o mote "Introduzindo a mesma velha idéia", posava ao lado do Volkswagen Beetle — nosso Fusca — e do Ford Modelo T, dois símbolos da popularização do automóvel no século passado. Abaixo da foto, o atrativo preço do carrinho, US$ 3.990, e seu nome: Yugo.

Seu fabricante, a Zastava Automobiles, tem origem no Vojno-Tehnicki Zavod, Instituto Técnico do Exército, uma fábrica de armamentos na antiga Iugoslávia fundada em 1853. Na década de 1930 passou a produzir caminhões sob licença da Ford, para o exército iugoslavo, e depois da Segunda Guerra Mundial foi renomeada Zavodi Crvena Zastava, Fábrica da Bandeira Vermelha. Em seu centenário, em 1953, iniciava a produção licenciada do Jeep Willys e no ano seguinte a de automóveis sob autorização da Fiat — os modelos 1100 B, 1400 e o jipe Campagnola.

Os Fiats da Zastava tiveram papel fundamental no transporte pessoal dos iugoslavos. Sobretudo o pequeno 600 (depois chamado de 750 em alusão à nova cilindrada do motor), com quase um milhão de unidades feitas no país de 1955 a 1985, que representou para eles o mesmo que o Mini para os ingleses ou o Citroën 2CV para os franceses. Nos anos 60, carros maiores da marca italiana ganharam espaço na fábrica, como o 1100, a linha 1300/1500 e o 125, cujos kits eram enviados para montagem na FSO polonesa.

Na década seguinte estreava o Zastava 101, pequeno sedã de tração dianteira derivado do Fiat 128 e que contou com versão hatchback, exportada até para a Itália para venda sob a marca Innocenti. E os iugoslavos apresentavam um modelo próprio, ainda que projetado com auxílio da Fiat. Em vez de Zastava 102 como era previsto, o novo pequeno chegava ao mercado local em 1981 com o nome Yugo 45.

Com semelhanças visuais ao Fiat 127 (que deu origem ao 147 brasileiro) e ao Autobianchi A112, o Yugo mantinha parte da mecânica do 101 e mostrava linhas simples e corretas. Com traços retos, a carroceria de dois volumes e três portas usava pára-choques de plástico, faróis retangulares recuados em suas molduras e grande área envidraçada. Media 3,52 metros de comprimento, 1,54 m de largura, 1,39 m de altura e 2,15 m de distância entre eixos e pesava em média 800 kg.

Em posição transversal e com tração dianteira, três motores de origem Fiat eram oferecidos: de 903 cm³ com comando de válvulas no bloco e potência de 45 cv, de 1.116 cm³ com comando no cabeçote e 56 cv e de 1.298 cm³, também com comando no cabeçote, capaz de 64 cv — todos alimentados com carburador. O restante da mecânica era adequado a seu tempo, com câmbio de quatro marchas para o motor menor e cinco para os demais, suspensão independente McPherson à frente e atrás, freios dianteiros a disco e traseiros a tambor. Continua

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Data de publicação: 21/10/08

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