Um ágil e leal escoteiro

Conhecida por tratores e caminhões, a International Harvester
produziu o maior concorrente do Jeep nos anos 60, o Scout

Texto: Fabrício Samahá - Fotos: divulgação

Maior que o oponente da Willys, o Scout 80 chegava em 1961 com interior espartano, motor de 2,5 litros e várias configurações de uso

A versão 800 começava a melhorar em conforto e acabamento, com destaque para a opção Sportop (embaixo), de linhas mais agradáveis

A International Harvester Company iniciou atividades em Chicago, no estado de Illinois, nos Estados Unidos em 1902, quando as empresas McCormick Harvesting Machine Company e Deering Harvester Company uniram-se, entre si e a três outras firmas de menor porte, para produção de maquinário agrícola. Seu período de maior brilho começou no fim da década de 1920 com o lançamento do trator Farmall Works, um produto popular e de duradouro sucesso.

Após a Segunda Guerra Mundial, os soldados que voltaram aos EUA queriam um veículo que fosse simples e valente como o Jeep que usaram no conflito. A Willys Overland atendeu aos pedidos com a versão civil do utilitário e, dali em diante, a história é conhecida. Demoraria um pouco, mas a International Harvester (IH) lançaria em janeiro de 1961 um concorrente para o Jeep: o Scout (escoteiro em inglês). De início rejeitado pela própria direção da empresa, que não se entusiasmava por um veículo tão simples no desenho e na concepção — em pleno auge de exageros de estilo na indústria americana —, o projeto foi conduzido em apenas 24 meses.

O modelo inicial, o Scout 80, era um jipe compacto com dois lugares, janelas corrediças removíveis nas portas e pára-brisa rebatível. Sua aparência não lembrava a do Jeep, que tinha linhas arredondadas, pára-lamas destacados do capô e pequenas portas removíveis. O modelo da IH era todo retilíneo, mas usava capô e pára-lamas integrados e de mesma altura, grade dianteira horizontal e portas convencionais em chapa. O interior espartano trazia apenas o necessário para um utilitário, caso do acionamento a vácuo do limpador de pára-brisa.

O fabricante o apresentava como um "artista de mudança rápida", em alusão à facilidade com que se retiravam portas, capota e vidros e se rebatia o pára-brisa, comutando um veículo fechado em aberto. "É uma perua, um conversível, um utilitário para cargas leves, um roadster... como ter quatro veículos pelo preço de um", destacava a publicidade. O Scout media 4,19 metros de comprimento, 1,77 m de largura, 1,70 m de altura e 2,54 m de distância entre eixos, portanto bem maior que o concorrente da Willys, que tinha apenas 3,51 m de ponta a ponta e 2,05 m entre eixos. Por outro lado, seu peso era de 1.560 kg, ante apenas 1.210 kg do Jeep de seis cilindros.

O motor de quatro cilindros em linha e 152 pol³ (2,5 litros), a gasolina, era praticamente o V8 de 304 pol³ (5,0 litros) da marca pela metade. Tinha comando de válvulas no bloco e potência de 93 cv, vantagem expressiva sobre os 75 cv do Jeep. O câmbio era de três marchas, com alavanca no assoalho, e havia opção entre tração traseira e nas quatro rodas, esta dotada de reduzida. Eixos rígidos com molas semi-elípticas formavam uma suspensão voltada à robustez, não ao conforto, e os freios eram a tambor.

No fim de 1965 era apresentado o Scout 800, evolução do 80 com mais itens de conforto, como bancos individuais mais cômodos, limpadores na parte inferior do pára-brisa (que não era mais rebatível), painel com mais instrumentos e aquecimento interno. Interessante era a versão Sportop, nome que vinha de sport e top (capota) e indicava o perfil mais dinâmico do teto, com vidro traseiro inclinado. Pneus mais adequados ao asfalto, estepe na traseira e melhor acabamento interno faziam desse Scout um concorrente para o Jeepster. Continua

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Data de publicação: 14/10/08

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