O "Z" da questão

Topo de linha da Ford britânica, o Zodiac somou conforto,
motor de seis cilindros e requinte técnico na versão Mark IV

Texto: Francis Castaings - Fotos: The Ford Mk III Zephyr & Zodiac Owners Club e divulgação

A segunda série do Zodiac, produzida até 1962: inspiração americana

Quatro faróis e aletas nos pára-lamas traseiros estavam no Zodiac Mark III, que usava motor de seis cilindros em linha, 2,6 litros e 115 cv

A indústria inglesa de automóveis sempre foi marcada pelo tradicionalismo, salvo raras exceções. Após lançar um modelo bem-sucedido ou não, suas evoluções eram sempre chamadas de Mark II, Mark III e assim por diante, sem abandonar o nome original. Era assim na prestigiada Jaguar, na Morris ou na Austin. Assim também foram quase todos os modelos da Ford britânica. Mas há casos que fugiram à regra.

Nos anos 50, dois dos modelos de destaque da Ford eram o Consul e sua execução luxuosa Zephyr. Em 1956 era lançada a versão topo de linha, a Zephyr Zodiac, que perdurou quase sem mudanças até 1962. Após esse período, a filial européia do grande grupo americano chamou o projetista italiano Piero Frua para remanejar a carroceria e dar novo vigor ao sedã. Prevaleceu o bom gosto e o automóvel passou a misturar linhas européias e americanas. Era a versão Mark III.

O sedã media 4,40 metros de comprimento, 1,75 m de largura, 1,47 m de altura e 2,71 m de distância entre eixos. Era maior que a versão anterior, garantido maior conforto. Seu peso era de 1.240 kg. Na frente havia quatro faróis circulares e ao lado deles, em destaque nos pára-lamas em forma de cone, as luzes de direção. A grade cromada tinha frisos horizontais, bem semelhante à do Ford Galaxie americano de 1964, e acima desta havia outra bem fina, retangular, fazendo um ressalto no capô. Apesar da ajuda de Frua, tinha toques de Roy Brown, responsável também pelo infeliz Edsel.

Visto de lado lembrava sedãs americanos devido ao discreto rabo-de-peixe, estilo já um tanto fora de moda, tanto no continente europeu quanto nos Estados Unidos. A carroceria monobloco tinha quatro portas e três vidros laterais. Atrás, lanternas verticais em forma de triângulo. Podia vir em duas cores, uma clara na capota e outra escura no restante da carroceria. Agradava aos conservadores ingleses. Era um automóvel elegante, discreto e clássico. O Zephyr continuava em produção na unidade de Dagenham, no condado de Essex, mas em categoria inferior. Tinha só um par de faróis e grade dividida mais simples.

Por dentro o revestimento de bancos, parte superior do painel e das portas vinha na mesma cor, em couro. Os bancos dianteiros e traseiros, confortáveis, eram inteiriços e acomodavam seis pessoas. O grande volante de dois raios tinha aro cromado da buzina e era leve em manobras, mesmo sem assistência hidráulica. A instrumentação, simples, trazia apenas velocímetro retangular e mostradores circulares de temperatura e combustível.

Os concorrentes do Zodiac eram os italianos Fiat 2300 Lusso, Lancia Flavia e Alfa Romeo 2600 (quase idêntico a nosso FNM 2000); os ingleses Triumph 2000, Austin A 110 Westminster, Vauxhall Cresta e Humber Sceptre MK II; o alemão Opel Rekord 2600; os franceses Peugeot 404 e Citroën ID e o russo Volga 21 C. Compondo a linha havia a perua, denominada Mark III Estate Car e feita pela empresa especializada Abbotts of Farnham.

O motor de seis cilindros em linha, com bloco e cabeçote em ferro fundido, tinha concepção tradicional com comando de válvulas no bloco. Com 2.553 cm³, sua potência era de 115 cv e o torque de 19,2 m.kgf. Tinha funcionamento suave e silencioso e era alimentado por um carburador Zenith de corpo duplo em posição invertida. A caixa manual de quatro marchas, todas sincronizadas, vinha com alavanca na coluna de direção e tração traseira. A velocidade máxima de 160 km/h era boa para os padrões da época. Como opcionais havia caixa overdrive e a automática Borg-Warner com três marchas. Continua

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Data de publicação: 16/9/08

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