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A cereja oriental

Econômico e com formas ousadas em algumas versões,
o Datsun Cherry buscou um lugar ao sol para a Nissan

Texto: Francis Castaings - Fotos: divulgação

Janelas e colunas traseiras eram um ponto controvertido, mas original do Cherry, que estreava em 1970 nas versões de duas e quatro portas

O mais polêmico da família foi o cupê, pela ampla seção fechada nas laterais traseiras; embaixo a perua, com terceira porta mais à vertical

Quando se fala em automóveis americanos, vêm à mente as Big Three, ou seja, as três poderosas e grandes General Motors, Ford e Chrysler. A American Motors era sempre a última colocada, nas décadas de 1960 e 1970. No Japão não é diferente: Toyota, Honda e Mitsubishi são as maiores e mais lembradas. Mas outras importantes marcas também têm, já há bastante tempo, um lugar no mercado na terra do sol nascente. Um exemplo é a Nissan Motor Company Ltd., situada na cidade de Yokohama e fundada em 1933.

A empresa começou a atuar no mercado dos Estados Unidos em 1958 por meio da marca Datsun — talvez para evitar a associação de imagem dos carros com a da produção militar, que levava o nome da empresa. Parecia muito cedo para que os americanos aceitassem um carro com origem e nome japoneses. A Datsun, já muito famosa no Oriente, tinha como principais produtos na década de 1960 o sedã Cedric e o topo de linha President. E foi desta divisão que nasceu um modelo de grande sucesso: o pequeno Cherry, em 1970.

Sua porta de entrada foi a América, mas logo também passou a incomodar a concorrência européia. Em alguns mercados foi lançado com o nome Pulsar e noutros com as siglas E10 e F10. O pequeno modelo, cujo nome significava cereja em inglês, era ofertado com duas ou quatro portas. A carroceria de dois volumes era original e simpática, apesar do desenho pouco convencional das janelas laterais traseiras. Ele media apenas 3,61 metros de comprimento, 1,49 m de largura e 1,38 m de altura e seu peso-pluma era de 670 kg.

A grade dianteira era recuada e, inserida nela, havia dois faróis circulares e as luzes de direção. Atrás tinha lanternas verticais e ampla abertura do porta-malas — compacto, de apenas 167 litros. Por dentro, volante de dois raios e painel com instrumentos circulares. Os bancos eram reclináveis com apoio de cabeça e os opcionais incluíam rádio AM/FM e vidros verdes.

O pequeno motor de quatro cilindros em linha ficava em posição transversal e tinha 988 cm³ e comando de válvulas no bloco. Tratava-se de uma unidade moderna, alimentada por um carburador de corpo duplo em posição invertida, e atingia a potência de 53 cv e o torque máximo de 7,7 m.kgf. Seu consumo urbano chegava a 11,5 km/l. Desempenho não era a prioridade, mas o pequenino alcançava a velocidade máxima de 136 km/h, adequada à proposta.

Sua suspensão era independente nas quatro rodas. Na frente tinha sistema McPherson, com estabilizador, e atrás braço arrastado, nos dois casos com molas helicoidais. Usava pneus 155-12 e as rodas de aço tinham calotas em formato de estrela cromada, um tanto estranha. Os freios recorriam a discos na frente e tambores atrás, a tração era dianteira e o câmbio, com alavanca no assoalho, tinha quatro marchas.

Em setembro de 1971 era lançada a versão cupê, que causava estranheza devido à enorme coluna traseira. Era um fastback exagerado, que também comprometia a visibilidade. O destaque eram as lanternas circulares e amplo vidro da terceira porta. No ano seguinte, em março, era lançada a perua de três portas, que também tinha linhas pouco discretas e de gosto discutível. Essas opções fariam carreira nos EUA, que então contavam com escassos modelos tão pequenos. Já na Europa o Cherry não teria vida fácil: enfrentaria os italianos Fiat 127 e Autobianchi A112 e os franceses Peugeot 104 e Renault 5 TL, todos na mesma faixa de preço em suas versões básicas e com tecnologias similares. Continua

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Data de publicação: 5/8/08

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