Ovos de alumínio

De aspecto curioso, os minicarros Fulda atenderam
a uma Europa em busca de transporte econômico

Texto: Fabrício Samahá - Fotos: Microcarmuseum.com e divulgação

Nos anos que se seguiram ao fim da Segunda Guerra Mundial, a Europa devastada pelo conflito buscava uma forma de motorizar sua população e reaquecer a economia. Foi nesse período, sobretudo na primeira metade da década de 1950, que surgiram propostas curiosas de minicarros com três ou quatro rodas, muitas vezes usando motor de motocicleta. Baratos e econômicos, foram uma solução para muita gente que não podia comprar um automóvel.

São desse período modelos famosos, como o Isetta da italiana Iso (Romi-Isetta no Brasil) e a série KR da alemã Messerschmitt, mas a variedade de opções nesse mercado ia bem além. Também na Alemanha, a Elektromaschinenbau (Engenharia Eletromecânica) Fulda GmbH, sediada em Fulda, e a Nordwestdeutscher Fahrzeugbau (NWF), de Wilhelmshaven, produziram uma linha de pequenos veículos. O nome da empresa e da cidade foi usado naquele mercado, mas eles também foram vendidos em diversos países sob diferentes marcas.

O N-2, um dos primeiros modelos da empresa: carroceria de alumínio, duas portas abrindo-se para trás, motor de um cilindro e 360 cm3

O projeto inicial, do estudante de Engenharia Mecânica Norbert Stevenson, previa três rodas (sendo duas dianteiras) e espaço para duas pessoas com o motor na traseira. Veículos de três rodas contavam com benefício tributário pelo governo. Depois de algumas tentativas fracassadas de obter investidores, ele encontrou apoio em 1949 com o engenheiro e empresário Karl Schmitt, revendedor Bosch e proprietário da Fulda, empresa de manutenção de geradores de energia. Já no ano seguinte estava nas ruas o primeiro modelo da marca.

O desenho inicial era um tanto estranho, lembrando em menor tamanho um trailer de viagem, mas com carroceria de madeira. O motorista sentava-se no centro e acelerava um motor de motoserra da marca Baker & Polling. A Fulda não demorou a substituir o propulsor por outro mais adequado, um estacionário da Fichtel & Sachs com um cilindro a dois tempos, cilindrada de 360 cm³ e potência de 9,5 cv. A versão foi chamada de N-2.

A estrutura de madeira serviu à linha Fulda até 1953, quando o alumínio permitiu abandoná-la

A estrutura de madeira agora estava encoberta por uma carroceria de alumínio com superfície corrugada, de aspecto ainda inusitado. As linhas retas de teto, portas (duas, abrindo-se para trás) e janelas (de vidro e corrediças) combinavam-se às silhuetas curvas da frente e da traseira. O interior espartano lembrava o de um carro comum, com banco inteiriço para duas pessoas, volante à esquerda, painel de madeira e alavanca no assoalho para o câmbio de três marchas mais ré. A velocidade máxima de 80 km/h atendia bem às necessidades da época. Continua

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Data de publicação: 22/4/08

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