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Clonagem de luxo

Adaptar um De Tomaso foi a solução da Maserati, em
crise, para desenvolver o sofisticado cupê Kyalami

Texto: Fabrício Samahá - Fotos: divulgação

A instituição da clonagem de veículos, mais conhecida em inglês como badge engineering ou engenharia de emblema, foi e ainda é comum em fabricantes mais populares, que reduzem custos com esse expediente, mas se torna mais rara entre marcas de prestígio. Isso não impediu que a Maserati recorresse a tal "engenharia" durante uma das várias crises financeiras em sua história, por meio do Kyalami.

A história começa fora da própria marca. Foi a também italiana De Tomaso quem lançou, no Salão de Turim de 1972, o cupê de luxo Longchamp para fazer companhia ao sedã Deauville. Desenhado por Tom Tjaarda — autor do superesportivo Pantera e projetista chefe da Ghia, então sob controle da De Tomaso —, o Longchamp tinha as formas retilíneas que dominariam aquela década, quatro lugares e motor Ford "Cleveland" 351, um V8 de 5,8 litros que fornecia potência de 330 cv.

A base do Kyalami foi este De Tomaso, o Longchamp, lançado em 1972 com motor Ford V8 de 5,8 litros e linhas retas típicas dos anos 70

Em 1974, com as dificuldades financeiras pelas quais passava a Maserati, sua controladora — a francesa Citroën — colocou-a à venda. No ano seguinte a empresa era assumida pela De Tomaso e pela GEPI, uma associação do governo italiano que visava a preservar os empregos dos funcionários. A nova dona queria revitalizar sem demora a linha Maserati com um modelo luxuoso, de duas portas, que complementasse sua oferta de esportivos e do sedã Quattroporte. Retrabalhar o Longchamp — que não havia conseguido grande êxito no mercado — pareceu a solução ideal naquele período de verbas contidas.

O estúdio de Pietro Frua, em Turim, foi incumbido de modificar as linhas do cupê em medida suficiente para lhe dar o aspecto de um Maserati. A empresa já tinha longa parceria com a marca do tridente, iniciada com o A6G da década de 1950 e seguida nos modelos 5000 GT, Mistral e Quattroporte. Concluído o processo, no Salão de Turim de 1976 era apresentado o Kyalami, projeto 129. Ao contrário dos modelos Bora, Ghibli, Khamsin e Mistral, batizados com nomes de ventos, o cupê foi denominado como o circuito de corridas onde, em 1967, Pedro Rodriguez venceu o GP da África do Sul, com um Cooper cujo motor era Maserati de 12 cilindros. A mesma razão — uma vitória nas pistas — havia dado nome aos Sebring, Indy e Mexico.

As mudanças de Frua, como quatro faróis circulares e perfil mais baixo, deixaram o Maserati elegante e imponente, com suave toque esportivo

Frua trabalhou bem na reestilização. A frente era o ponto de maior distinção entre os carros, com quatro faróis circulares no Kyalami em vez dos dois retangulares do Longchamp. Com 4,58 metros de comprimento, 1,85 m de largura e 1,27 m de altura, o Maserati era também 50 mm mais longo, 20 mm mais largo e 25 mm mais baixo que o De Tomaso, além de ter pára-choques, lanternas e colunas traseiras exclusivos. Seu aspecto era imponente e refinado, com leve tempero esportivo. A distância entre eixos media 2,60 m. Continua

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Data de publicação: 13/11/07

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