O BMW modelado pelo vento

Com a imortal configuração de seis cilindros em linha, o
326 estreou na marca os conceitos de aerodinâmica

Texto: Fabrício Samahá - Fotos: divulgação

Construtora de motores aeronáuticos desde 1913, a alemã BMW — sigla para Fábrica de Motores da Bavária — iniciou a produção de automóveis em 1928 com o pequeno 3/15, derivado do Austin Seven inglês, com três metros de comprimento e motor de 748 cm³. Quatro anos mais tarde o carro era substituído pelo 3/20, maior e com mais potência no motor de 782 cm³. Novo avanço vinha com o modelo 303, lançado em 1933 com motor de seis cilindros em linha (o primeiro da marca nessa configuração) e 1.175 cm³.

Em meados dos anos 30, diversos fabricantes começavam a estudar os efeitos do fluxo de ar sobre o desempenho e a estabilidade dos automóveis. Era o início da aerodinâmica como importante fator no desenho das carrocerias. Com isso, as formas se tornavam mais fluidas, os pára-brisas ganhavam inclinação e, com o tempo, elementos antes salientes — como pára-lamas e faróis — seriam integrados ao corpo principal do carro.

Tanto o sedã quanto o conversível ofereciam versões de duas e quatro portas, sempre com linhas mais arredondadas e elegantes que nos BMWs anteriores

Seja na Europa, seja nos Estados Unidos, modelos com perfil mais favorável ao ar eram lançados por várias marcas. Os americanos tinham o Chrysler Airflow e o Lincoln Zephyr; os checos, o Tatra T77; os franceses, o Peugeot 402. Na BMW, o engenheiro chefe Fritz Fiedler e o projetista chefe Alfred Böning deram início em 1934 ao projeto do primeiro modelo aerodinâmico da empresa e também seu primeiro sedã quatro-portas: o 326.

Lançado no Salão de Berlim em fevereiro de 1936, o carro tinha um desenho sóbrio e harmonioso, obra de Peter Schimanowski, e amplas dimensões: 4,60 metros de comprimento, 1,60 m de largura, 1,56 m de altura e 2,87 m de distância entre eixos. O peso era de 1.125 kg. A frente era dominada pelos grandes faróis e as longas grades verticais, já no formato conhecido por "duplo rim", introduzido pelo 303 e que evoluiu para o padrão dos modelos atuais da empresa. Os pára-lamas ainda vinham salientes, mas o conjunto mostrava-se mais fluido e equilibrado, com curvas suaves por toda a carroceria. As saídas de ar laterais nos capôs tinham forma elítica, assim como as duas barras de cada lado que formavam os pára-choques.

O conversível de dois lugares mantinha as portas "suicidas" e outros elementos de desenho, como as saídas de ar laterais dos capôs

O pára-brisa bipartido era levemente inclinado e podia ser basculado para a frente, como forma de aumentar a ventilação interna. As portas da frente abriam-se para trás ("suicidas"). Na traseira, o pequeno vidro era também bipartido e a cobertura do estepe ficava bem evidente no perfil descendente. Curiosamente, não havia tampa para o porta-malas: o acesso da bagagem era feito pelo interior apenas, basculando-se o banco traseiro. Diminutas lanternas estavam nos pára-lamas. Continua

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Data de publicação: 12/6/07

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