Fascinação pela América

Criado para encantar os Estados Unidos, o raro BMW 503
inaugurou um conceito que só se estabeleceria com o Série 6

Texto: Fabiano Pereira - Fotos: divulgação

Que o BMW Série 6 é um dos carros mais cobiçados da indústria automobilística alemã atual, ninguém duvida. Luxo, tecnologia de ponta, esportividade e estilo ousado são os ingredientes principais desse cupê sofisticado do fabricante bávaro. Entretanto, cinco décadas atrás, seu antepassado 503 atraía olhares surpresos quando passava. Não era apenas por já combinar boa parte desses elementos em seu projeto: esse BMW foi um dos mais exclusivos modelos da marca no pós-guerra. Meros 412 exemplares chegariam às ruas.

Um cupê hardtop para quatro ocupantes, o 503 foi um dos destaques do Salão de Frankfurt de 1955. Ele fazia par com outro lançamento que mais tarde se tornaria disputado a preço de ouro por colecionadores, o BMW 507. Este roadster conseguiu ser ainda mais raro que o cupê, mas, por seu temperamento e desenho mais esportivos, ganhou uma evidência maior que o 503, um fascinante e obscuro projeto de um dos fabricantes que mais despertam paixões no mundo com seus automóveis.

Como cupê ou conversível, o estilo do 503 era belo e elegante; a carroceria de alumínio fora desenhada pelo Conde Albrecht Goertz

A base para o novo grã-turismo eram os sedãs 501 e 502, chamados de Anjos Barrocos em alusão a seu estilo. Da mesma forma que o 507, a idéia da criação do modelo aqui apresentado surgiu com um foco bem claro no mercado americano. Com um desenho ainda muito apegado à estética dos anos 30, os 501/502 não agradaram ao mercado externo que mais valorizava carros alemães na época e ajudava a criar mitos como Porsche 356, Mercedes-Benz 300 SL Asa-de-Gaivota e, em escala muito mais ampla, o Volkswagen.

O desenho da nova dupla deveria não só ser contemporâneo, como trazer a identidade visual peculiar da BMW em definitivo para os anos 50. E como foi bem-sucedida tal empreitada! Ao menos nesse aspecto, é difícil alguém torcer o nariz para um 503 — o que já não pode ser dito do polêmico Série 6 atual, criado pelo americano Chris Bangle. Construído sobre o chassi dos 501/502, o 503 tinha toda a carroceria confeccionada em liga de alumínio.

O interior bem-desenhado acomodava quatro pessoas, mas a alavanca de câmbio na coluna foi abandonada em pouco tempo em favor da montagem no assoalho

O autor de seus elegantes traços era o mesmo do atlético 507, o Conde Albrecht Goertz. Este alemão já havia trabalhado nos Estados Unidos junto à equipe do consagrado projetista francês Raymond Loewy, que criou produtos de grande popularidade e, no mundo automotivo, concebeu os mais celebrados Studebakers: o Commander/Champion de 1947, os mesmos modelos de 1953 (com destaque para o cupê) e, anos mais tarde, o Avanti 1963. A experiência foi tão intensa que Goertz se naturalizou americano. Continua

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Data de publicação: 14/11/06

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