Classe internacional

A série Inter, com os modelos 166, 195 e 212, marcou
o ingresso da Ferrari no segmento de carros grã-turismo

Texto: Fabrício Samahá - Fotos: reprodução

Enzo Anselmo Ferrari, um italiano nascido em 1898 em Emilia-Romagna e falecido em 1988, não pretendia fabricar automóveis de rua. Fundou em 1929 a Scuderia Ferrari, para construir carros de competição, e preparou e correu com modelos Alfa Romeo até 1938, quando a empresa o contratou para chefiar seu departamento de corridas. Mas dois anos depois a Alfa era absorvida pelo governo do país, como parte do esforço de guerra, e Enzo não mais pôde colocar seus carros nas pistas. A Scuderia tornou-se então a Auto Avio Costruzioni Ferrari, que em 1943 se instalava em Maranello, onde está ainda hoje o famoso fabricante.

A produção da Ferrari S.p.A. começava em maio de 1947 com o modelo 125 S, com motor V12 de apenas 1,5 litro e voltado a competições. Dele a empresa passava ao 159 S e, no ano seguinte, ao 166 S, que daria origem a seu primeiro GT (grã-turismo): o 166 Inter. Apresentado no Salão de Paris em outubro de 1949, o Inter homenageava a Coppa Intereuropa disputada no autódromo de Monza. A carroceria mais comum era a de cupê desenhada pela Carrozzeria Touring, de Milão, que já havia criado estilos para os Ferraris e Alfas.

Lançado em 1948, o 166 Inter (ao lado e acima) era um cupê de linhas arredondadas e longo capô, sob o qual estava um V12 de 2,0 litros com potência de 115 ou 140 cv

Como era comum na época, o fabricante entregava o chassi à construtora de carrocerias escolhida pelo cliente, que tanto podia ser a Touring quanto a Bertone, a Ghia, a Pinin Farina (cujo nome ainda era grafado desta forma), a Stabilimenti Farina e a Vignale. O enorme capô, até desproporcional ao pequeno porte do carro, destacava o que havia por baixo dele. As formas eram suaves e arredondadas, com uma ampla grade, pára-brisa bipartido e poucos adornos. Bertone e Pinin Farina executaram interessantes conversíveis, mas o método de construção Superleggera (superleve) da Touring era um show à parte, com painéis de alumínio aplicados a uma estrutura do mesmo material.

O chassi tubular desenhado por Aurelio Lampredi e as suspensões (dianteira independente por braços sobrepostos, traseira com eixo rígido) do 166 Inter eram os mesmos do 166 S das pistas. O carro usava freios a tambor com comando hidráulico e rodas raiadas. Compacto, media 3,70 metros de comprimento, 1,52 m de largura, 1,27 m de altura e 2,42 m de distância entre eixos, ampliada para 2,50 m nas últimas unidades. Também derivado do modelo de corridas era o motor V12 longitudinal de 2,0 litros com comando de válvulas nos cabeçotes, cuja potência variava entre 115 e 140 cv a 6.000 rpm conforme o uso de um ou três carburadores Weber.

A carroceria da Touring, feita em alumínio, previa um compacto interior de dois lugares com os ingredientes típicos de um Ferrari da época, como o volante de madeira com três raios

A preferência de Ferrari por um V12 era antiga. Ele há tempos admirava os motores dessa configuração feitos pela Packard, a Auto Union e a própria Alfa. O propulsor projetado por Gioacchino Colombo — que já havia desenhado Alfas para a escuderia de Enzo — surgiu no 125 S, com a cilindrada de 1.497 cm³ obtida com diâmetro e curso bem pequenos (55 x 52,5 mm), o que facilitava chegar a altas rotações. A cilindrada unitária de 124,73 cm³ foi arredondada para denominar o carro, um padrão que a marca usaria por décadas em modelos V12 — caso das séries 250 e 365. Continua

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Data de publicação: 3/10/06

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