Leve como um Suzuki

Primeiro modelo do fabricante japonês, o Suzulight já trazia
a miniaturização que marcaria toda a história da marca

Texto: Fabiano Pereira - Fotos: divulgação

Ela é um dos menores fabricantes da indústria automobilística japonesa. No entanto, está longe de ter uma história inexpressiva em termos de volume de vendas. Mesmo pelo aspecto mercadológico podemos considerar a Suzuki um sucesso comprovado. Em dezembro de 2001, essa marca conhecida por seus modelos compactos e subcompactos já havia produzido 30 milhões de automóveis. Uma história que começou em outubro de 1955 com o Suzulight, primeiro carro da empresa.

Fundada por Michio Suzuki em Hamamatsu, Shizuoka, em 1909, a fábrica japonesa foi batizada de Suzuki Loom Works por atuar no ramo de produtos têxteis. Em 1937 Michio percebeu que, apesar de importar 20 mil veículos por ano, a demanda japonesa por esses produtos não conseguia ser saciada. Desejando expandir seus negócios, começou a projetar um automóvel pequeno, baseado (assim como o primeiro BMW, o 3/15) no Austin Seven inglês.

Nos modelos SS (ao lado), um sedã com porta-malas mais saliente, e SL (acima), com terceira porta que se abria para o lado, a mesma simplicidade de linhas, sem adornos supérfluos

Dois anos depois, protótipos com motor a quatro tempos de quatro cilindros e refrigeração a água estavam prontos. Mas veio a Segunda Guerra Mundial e o governo japonês considerou automóveis produtos supérfluos. Assim, o primeiro veículo automotor da marca só surgiria em 1952, e com duas rodas a menos: era a bicicleta motorizada Power Free. Com um motor a dois tempos de 36 cm³, ela daria início à hoje longa tradição da Suzuki no ramo das motocicletas. Três anos depois, era a vez de o primeiro carro do fabricante chegar às lojas.

Parte da frota criada para atender ao programa de motorização do Japão com produtos nacionais e acessíveis, o Suzulight era um dos diminutos automóveis do segmento kei jidosha, ou seja, o dos carros “K”, entre os quais estavam o Subaru 360, o Mazda R-360 e o Honda N360. Assim como alguns primeiros modelos de outros fabricantes japoneses, o Suzulight nacionalizava o projeto de um carro estrangeiro. Em seu caso, tratava-se da versão nipônica da tecnologia já desenvolvida nos modelos do fabricante alemão Lloyd.

Um carrinho espartano também por dentro: bancos finos e baixos, painel e volante essenciais, espaço dentro das limitações de dimensões externas

O Suzulight, cujo nome fundia a marca à palavra inglesa light (leve), de fato parecia-se bastante com os compactos europeus da época. Em seu visual, o que mais chamava a atenção, se considerados os padrões ocidentais naquele momento, era a simplicidade. Nada de cromados decorativos, que sobravam nos carros americanos da época. Somente a grade trapezoidal e bipartida, molduras dos faróis, lanternas e piscas, maçanetas, limpadores de pára-brisa e mini-calotas não vinham na cor do carro. O limpador de pára-brisa, único, não varria a área diante do passageiro, no lado esquerdo, e as dobradiças das portas eram externas.

Tanto os faróis quanto as lanternas eram ressaltados, uma moda nos anos 50. O traço mais marcante era a curva que vinha do teto e acabava na traseira. Havia quatro tipos de carroceria disponíveis. O Suzulight SS era um sedã de duas portas para quatro ocupantes. O SL já trazia uma porta traseira — enorme para as dimensões do carro — que abria para o lado direito, mas fazia dele uma espécie de hatchback. O banco traseiro era rebatível. Completavam a linha a perua SD e o picape SP. Continua

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Data de publicação: 18/7/06

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