Croissant com grappa

Resultado de uma união de esforços entre França e Itália,
o Simca Abarth brilhou nas pistas, brasileiras inclusive

Texto: Francis Castaings - Fotos: divulgação e reprodução

O croissant, típico folheado francês, está presente em todas as mesas e prateleiras dos cafés da terra de De Gaulle pelas manhãs. É leve, perfumado e muito apetitoso. Por sua vez a grappa é uma bebida destilada italiana, muito popular e extraída da casca de uva, com alto teor alcoólico.

Na indústria automobilística, a união de produtos de nacionalidades diferentes gera resultados muito interessantes. A francesa Simca surgiu em 1935 na cidade de Nanterre, próxima a Paris, e por anos fabricou modelos quase idênticos aos Fiat italianos. Na década de 1950 já tinha pouco em comum com os automóveis de Turim. Mas o patrão da casa francesa, Henri Théodore Pigozzi, via com bons olhos o sucesso nas pistas dos carros preparados por Carlo Abarth para a Fiat. Este afamado austríaco, cujo prenome verdadeiro era Karl, era descendente de italianos e nasceu em 1908.

Os estudos de um modelo esportivo para as pistas logo começaram, sob influência de um engenheiro também austríaco. Rudy Hruska havia trabalhado com Abarth nos tempos do Cisitalia. Já eram companheiros de longa data. Pouco tempo depois, no Salão de Genebra, na Suíça, em 1962 era apresentado o Simca Abarth. O pequeno esportivo tinha linhas inspiradas no Abarth Bialbero. Pesava apenas 630 kg, graças ao monobloco em alumínio, e media 3,55 metros, com altura bem reduzida de 1,14 m. Perfil muito apropriado para atividades intrépidas.

Carlo Abarth (ao lado junto ao modelo 1300 de rua; no alto a versão de pista) oferecia várias opções de preparação para a "berlineta", com cilindrada de 1,15 a 2,0 litros

As linhas da "berlineta" — como os italianos chamam os cupês — eram curvas e aerodinâmicas. Na frente tinha grade oblonga e faróis circulares carenados. Os mínimos pára-choques cromados só protegiam parte dos pára-lamas dianteiros. A traseira bem estudada tinha forma afunilada e, apesar de ser um puro esportivo, era boa a visibilidade para frente e para os lados. O vidro traseiro tornava-se quase um teto solar transparente, devido a seu perfil ousado.

O motor traseiro na versão mais tímida começava com cilindrada de 1.136 cm³ e potência de 55 cv a 5.600 rpm. Com um carburador Solex, proporcionava velocidade final de 152 km/h. Mas algumas etapas de preparação estavam disponíveis. Um pouco mais potente, o 1150 S tinha o radiador na parte dianteira, 58 cv e máxima de 155 km/h. Logo depois vinha o 1150 SS, com 65 cv, alimentado por um carburador de corpo duplo Solex, que chegava a 160 km/h. O mais ligeiro, denominado 1150 Corsa, tinha dois carburadores Weber e 85 cv a 6.500 rpm; atingia respeitáveis 170 km/h. Era muito comum por parte da Abarth oferecer estágios próximos de preparação, o que agradava a clientela.

Do irmão Simca 1000 o esportivo aproveitava a caixa de câmbio, com sincronizadores do tipo Porsche e quatro marchas, assim como o sistema de direção e a suspensão independente nas quatro rodas, embora fosse retrabalhada. As rodas de 13 pol usavam pneus radiais 6,00-13 e a tração era traseira. Continua

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Data de publicação: 4/7/06

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