Após a metamorfose, o vôo

O nome Torana, do primeiro médio da Holden, significava
voar, mas ele só se tornou rápido após alguma evolução

Texto: Fabrício Samahá - Fotos: divulgação

Na segunda metade da década de 1960 a Holden, subsidiária da General Motors na Austrália, produzia apenas os modelos médios e grandes das linhas Standard, Special e Premier, com mais de 4,5 metros de comprimento. E detectava uma lacuna em sua oferta, a ser preenchida por um modelo mais compacto. Em parceria com o braço inglês da corporação, a Vauxhall, foi então desenvolvido o Torana, que chegava ao mercado em 1967. Embora seu nome signifique voar em alguns dialetos aborígines, o carro estava longe disso.

A primeira geração, de codinome HB, era nada mais que o Vauxhall Viva da época com algumas alterações de estilo, o suficiente para lhe dar o jeito da marca australiana. O sedã de duas portas media 4,10 metros de comprimento e 2,43 m de distância entre eixos e exibia linhas simples, com rodas pequenas de apenas 12 pol. Um motor de 1,15 litro e comando de válvulas no bloco, com potência de 49 cv, levava o Torana sem grande entusiasmo. O câmbio era de quatro marchas, e a tração, traseira. Chegou a ser feita uma versão esportiva Brabham, com faixas decorativas e 79 cv no pequeno motor.

Um começo tímido: a geração HB era apenas um Vauxhall Viva com retoques visuais, motor de 1,15 litro e 49 cv

Já no ano seguinte vinham ligeiras mudanças visuais, elaboradas na própria Austrália, e um sedã de quatro portas. Mas foi na linha 1969 que o Torana começou a se adequar ao gosto australiano por grandes motores. A segunda geração (LC) mantinha as dimensões da anterior, mas trazia estilo mais interessante e a importante novidade do seis-cilindros em linha de 2,3 litros e 95 cv. Esses carros tinham a frente alongada, para acomodar o motor mais comprido, e assim mediam 4,38 m com entreeixos de 2,54 m. Como pesavam até 1.050 kg, vinham com freios dianteiros a disco e rodas de 13 pol. O motor de quatro cilindros era o conhecido 1,15 com mais potência: havia opção entre 56 e 79 cv, este com carburação dupla. Em 1971 o mais forte dava lugar a um 1,6-litro de 80 cv.

Além da escolha de motor e entre duas e quatro portas, as opções incluíam os acabamentos S e SL, banco dianteiro inteiriço ou dois individuais, suspensão normal ou esportiva, rodas comuns ou Wide Rally e três câmbios — o seis-cilindros podia vir com um manual de três ou quatro marchas e com um automático de três. Pouco depois chegava um motor maior, o "seis" de 2,6 litros e 125 cv, para as versões SL de quatro portas e GTR de duas. Nova ampliação ocorreria em 1971 com o 2,8-litros de 130 cv. O Torana recebia potência a passos largos, em um processo que não pararia logo.

O modelo seguinte, LC, trazia a versão de quatro portas e os motores de seis cilindros com 2,3, 2,6 e 2,8 litros -- os maiores aplicados ao esportivo GTR, na foto do alto

Em agosto de 1970 aparecia o GTR XU-1, tendo como foco a homologação para a famosa prova 500 Milhas de Bathurst, onde substituiria o Monaro. O seis-cilindros de 3,05 litros, com três carburadores Stromberg e comando de válvulas "bravo", desenvolvia 160 cv e 26,2 m.kgf para levar seus 1.100 kg à máxima de 190 km/h. Faixas na pintura, defletor dianteiro, aerofólio traseiro (era o primeiro Holden com anexos aerodinâmicos), rodas mais largas e um painel bem-equipado evidenciavam que aquela não era uma versão qualquer. Os Toranas "bravos" logo se tornaram comuns como carros de perseguição da polícia australiana. A mesma mecânica serviu na época a um carro-conceito: o cupê de dois lugares GTR-X, com carroceria de plástico reforçado com fibra-de-vidro e linhas alongadas. Diz-se que a empresa pretendia fabricá-lo em série, mas só duas unidades foram feitas.

A série seguinte, a LJ de fevereiro de 1972, era uma reestilização da LC com o objetivo de aumentar sua semelhança com os carros grandes da marca, a linha HQ Kingswood/Premier. Também evoluía no conforto de rodagem e no nível de ruído. A oferta de motores crescia: de quatro cilindros havia o 1,2 de 56 cv, o 1,3 de 68 cv e o 1,6 de 80 cv, e com seis cilindros, os conhecidos 2,3 (95 cv) e 2,8 (120 cv), além de uma nova unidade de 3,3 litros, como a usada nos grandes Holdens. Com três carburadores, 190 cv e 27,5 m.kgf, esse vigoroso motor passava a equipar o esportivo GTR XU-1. A versão para Bathurst, com apenas 200 unidades fabricadas, tinha 212 cv e obteve 2º, 3º, 4º e 5º lugares na prova de 1973. Continua

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Data de publicação: 20/6/06

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