O requinte do país do champanhe

Diferentes na mecânica, o R20 e o R30 representaram a
Renault no segmento de luxo entre os anos 70 e 80

Texto: Fabrício Samahá - Fotos: divulgação

Embora tenha ficado mais famosa pelo êxito de seus carros pequenos, como o R4 e o R5, a francesa Renault também teve boa atuação no segmento de modelos de luxo. No Salão de Genebra em março de 1975, depois de nove anos com o R16, a empresa lançava seu sucessor: o R30, que seria seguido oito meses depois pelo R20, no evento de Paris. Ao contrário do habitual na marca, a denominação não indicava diferenças de projeto, mas apenas de cilindrada e número de cilindros.

Como no R16, a configuração de dois volumes e cinco portas foi a escolhida, por trazer maior praticidade de utilização e de acesso ao compartimento de bagagem. Além disso essa concepção, que já se tornava habitual em duas das marcas francesas — a outra era a Citroën —, permitia certa identidade em um segmento saturado de sedãs de três volumes. Com 4,52 metros de comprimento e 2,66 m de distância entre eixos, os Renaults seriam considerados carros médio-grandes pelo padrão atual, mas à época ficavam entre os grandes europeus.

Primeiro a chegar, o R30 trazia de volta à Renault os motores de mais de quatro cilindros: usava um V6 de 2,7 litros e 131 cv, desenvolvido em parceria com a Peugeot e a Volvo

O estilo mostrava interessante semelhança com o primeiro Volkswagen Passat, lançado apenas dois anos antes, tanto no perfil quanto em detalhes: os quatro faróis circulares do R30, as colunas traseiras que faziam vincos ao lado do vidro da quinta porta, as lanternas e pára-choques. A carroceria era "limpa", com poucos vincos e ampla área envidraçada. O grupo ótico dianteiro era uma das poucas diferenças entre as versões, pois o R20 tinha dois faróis quadrados.

O interior era bem-acabado no R20 e sofisticado no R30, que vinha com apoios de braço à frente e atrás, revestimento dos bancos em couro (opcional) e um painel bem-equipado, com os mostradores em quatro módulos circulares. Com eles, a Renault concorria com os compatriotas Citroën CX, Peugeot 604 (lançado no mesmo Salão de Genebra) e Simca 1308, os alemães Ford Taunus e Opel Rekord, o sueco Volvo série 200, o inglês Ford Granada e o italiano Fiat 131, além de buscar uma fatia do exigente mercado de Mercedes-Benz Classe E, BMW Série 5 e Audi 100.

Os dois modelos tinham grande semelhança de estilo com o primeiro Passat, mas eram maiores; no R20 os faróis eram dois retangulares, em vez de quatro circulares

O R30 era o primeiro Renault com mais de quatro cilindros desde antes da Segunda Guerra Mundial. Usava um motor V6 de 2,7 litros, o chamado PRV, desenvolvido em parceria com a Peugeot e a Volvo — as iniciais das três marcas formavam a sigla. A cooperação entre as duas francesas, que começou em 1966, havia incluído a empresa sueca cinco anos depois. Embora se previsse a fabricação de um motor V8 (como se percebe pelo ângulo entre as bancadas, 90 graus, incomum em um V6), a crise do petróleo de 1973 e a maior incidência de impostos para motores de mais de 2,8 litros levaram à definição pelo seis-cilindros. O Volvo 264, em 1974, foi o primeiro modelo a usá-lo. Continua

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Data de publicação: 16/5/06

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