Volta por cima em oito cilindros

Depois da decepção com o fraco 501, a BMW aplicou
um V8 a sua evolução 502: foram os "anjos barrocos"

Texto: Marcelo Ramos - Fotos: divulgação

Os méritos dos carros alemães de prestígio já viraram senso comum. Não se pode falar em Mercedes-Benz, BMW, Audi ou Porsche sem que as palavras tecnologia, desempenho e qualidade venham acompanhadas. Talvez seja por um fator cultural, uma busca pela perfeição. Mas nem sempre foi assim. Na história dessas marcas há modelos que elas prefeririam esquecer — como o BMW 501, que teve sua trajetória corrigida ao se tornar o 502.

Após o final da Segunda Guerra Mundial, a Alemanha precisou de alguns anos para se reerguer. Muitas fábricas de automóveis tiveram que ser reconstruídas, devido aos bombardeios e às pilhagens das tropas aliadas. Com a Fábrica de Motores da Bavária — sigla em alemão para BMW — não foi diferente: precisou de seis anos após o fim do conflito para colocar nas ruas um novo automóvel.

O 501, ao lado, e o 502, acima: diferentes no desempenho, mas iguais nas formas exageradas, que renderam o apelido alusivo às imagens das igrejas barrocas

Em 1951, durante o Salão de Frankfurt, a empresa apresentava o sedã 501, que logo ganhou o apelido de Barockengel, ou Anjo Barroco no idioma local, devido ao excesso de linhas arredondadas que lembravam as imagens das igrejas barrocas do sul do país. O carro tinha como missão resgatar a imagem do 335, que fez sucesso em 1939 e 1940. Suas linhas e detalhes mencionavam os antigos modelos da marca, como a grade "duplo rim", os faróis envolvidos pelos pára-lamas — que seguiam até a traseira de forma muito fluida — e a moldura central do capô que envolvia a logo da marca. A traseira seguia o padrão da época, com formato curvo na tampa do porta-malas. As portas traseiras "suicidas" eram comuns àquele tempo. O sedã media 4,73 metros de comprimento e avantajados 2,84 m entre eixos.

O interior era aconchegante, com bastante espaço interno, no qual se podia levar até seis ocupantes nos dois bancos inteiriços. Seu painel dispunha de vários instrumentos e a visibilidade era ampla, ajudada pelas estreitas colunas. No entanto, o 501 não contava com toda a sofisticação técnica de seu antecessor. A empresa empregou um antigo motor de seis cilindros em linha e 2,0 litros, com bloco e cabeçote de ferro fundido, que fora utilizado no esportivo 328 de 1936.

O interior do 502: bancos inteiriços para até seis pessoas, bom espaço, painel bem-equipado, ampla visibilidade

Com 1.971 cm3 (66 x 96 mm), ele rendia ao roadster uma potência de 80 cv e velocidade máxima de 165 km/h, mas o 328 pesava apenas 830 kg. No sedã, alimentado por um carburador Solex de corpo duplo, eram 65 cv a 4.400 rpm e torque de 12,1 m.kgf a 2.000 rpm para nada menos que 1.440 kg, o que se refletia em um desempenho bastante modesto: máxima de 138 km/h, aceleração de 0 a 100 km/h em 27 segundos. Continua

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Data de publicação: 21/2/06

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