Pacote econômico sem sucesso

A Cadillac deu luxo ao Cavalier e gerou um modelo médio,
o Cimarron, que ficou longe das previsões de vendas

Texto: Fabrício Samahá - Fotos: divulgação

Durante boa parte das décadas de 1970 e 1980, a necessidade de reduzir o consumo de combustível levou alguns fabricantes dos Estados Unidos a medidas que eles hoje prefeririam não lembrar. As crises do petróleo, em 1973 e 1979, e a instituição do CAFE — programa que estabelecia limites para o consumo médio dentro da produção de cada empresa — exigiram que muitos americanos abrissem mão dos carros enormes e com vigorosos motores V8 que eles sempre apreciaram.

Nem mesmo marcas de luxo, como a divisão Cadillac da General Motors, ficaram imunes a esse processo. Um de seus primeiros passos na direção errada foi o lançamento de um motor V8 a diesel, em 1978. Era uma unidade de 5,7 litros a gasolina adaptada por outra marca da corporação, a Oldsmobile, e apresentou problemas de resistência que talvez expliquem parte da rejeição americana, até hoje, a esse tipo de motor. Três anos depois era a vez do V8-6-4, dotado de desligamento automático de dois ou quatro dos cilindros em condições de menor solicitação. Funcionava tão mal que só prejudicou a imagem de boa engenharia que a Cadillac carregava havia décadas.

Salvo pela grade dianteira e o acabamento interno, o primeiro Cimarron era quase igual ao Cavalier da Chevrolet, uma semelhança que prejudicou sua imagem no segmento de luxo

Então apareceu o mais longevo dos erros de estratégia da marca: um carro pequeno para os padrões locais (médio para os nossos), parte do projeto J da GM, que deu origem a quatro modelos de outras divisões — Cavalier na Chevrolet, J2000 na Pontiac, Firenza na Oldsmobile e Skyhawk na Buick. Esse automóvel mundial também teve uma versão européia, o Opel Ascona, que no Brasil foi nosso bem conhecido Chevrolet Monza. A diretoria da Cadillac não pretendia participar do projeto, mas teve de ceder às pressões da rede de concessionárias, que pedia um carro menor e mais econômico. Assim nascia, em maio de 1981 como modelo 1982, o Cimarron.

O atraso em aderir ao carro J impediu que a mais refinada das divisões da GM tivesse tempo para modelar a seu estilo o projeto básico. Em linhas gerais, apenas uma nova grade dianteira e um acabamento interno luxuoso, além de mais equipamentos de série, diferenciavam o novo Cadillac de seu "primo pobre" Cavalier. Era um comportado sedã de quatro portas com ampla área envidraçada, quatro faróis retangulares, pára-choques bem integrados ao desenho dos pára-lamas e bom número de detalhes cromados. Curiosamente, o nome da marca não aparecia na carroceria — apenas seu emblema, na grade e nas lanternas traseiras.

Bancos e volante de couro, painel completo, controlador de velocidade e muitos comandos elétricos: luxo e conforto no interior do pequeno Cadillac, empurrado por um modesto 1,8-litro de 88 cv

Por dentro, apesar do requinte, o carro seguia formas bem mais conservadoras que as versões européia e brasileira do projeto. O painel era plano, sóbrio e de linhas retas, com grandes velocímetro e conta-giros e instrumentos menores, que incluíam manômetro de óleo e voltímetro. O amplo volante de três raios também era forrado em couro e havia muitos itens de série: revestimento dos bancos em couro, ar-condicionado, apoio de braço central para o motorista, direção assistida. Os opcionais passavam por volante ajustável em altura, controlador de velocidade, teto solar e controles elétricos de vidros, travas, retrovisores, tampa do porta-malas e bancos dianteiros. E havia cinco tons a escolher para o acabamento. Continua

Carros do Passado - Página principal - Escreva-nos - Envie por e-mail

Data de publicação: 13/12/05

© Copyright - Best Cars Web Site - Todos os direitos reservados - Política de privacidade