Por trás da cortina de ferro

Simples como mandava o regime socialista, os checos Skoda
Octavia e Felicia driblaram com criatividade suas limitações

Texto: Fabrício Samahá e Fabiano Pereira - Fotos: divulgação

Quem acompanha a evolução recente do fabricante checo Skoda dificilmente conhece a rica e longa história da marca. Um dos modelos atuais de maior sucesso, o sedã Octavia, compete no segmento médio-compacto europeu, já ultrapassou a casa de um milhão de unidades vendidas e acaba de entrar em uma nova geração, mas usa o nome de um antigo carro da marca. É surpreendente como, apesar dos recursos comedidos para desenvolvimento de produtos na economia socialista, a Skoda conseguiu lançar carros criativos ao longo das décadas.

Uma das mais antigas marcas de automóveis ainda vivas, a Skoda surgiu em 1895 na cidade de Mladà Boleslav, situada na então Checoslováquia, como uma empresa familiar para construir bicicletas, a Laurin & Klement. Quatro anos depois ela produzia seu primeiro motor e, no início do século 20, passava aos automóveis com o Type A. O nome atual começou a ser adotado em 1929, após quatro anos da união da empresa com a Skoda Pilsen, a maior empresa do país, especializada na fabricação de armas e material bélico. O primeiro Skoda foi o 422.

O Skoda 440, lançado em 1954, cedeu boa parte de seu estilo e das soluções técnicas ao Octavia, que chegaria cinco anos depois

Em 1934, o modelo Popular inovava com o primeiro transeixo — motor dianteiro e transmissão entre as rodas de trás. A Segunda Guerra Mundial trouxe ao país o comunismo e a empresa perdeu o espírito de inovação, tornando-se o único fornecedor de carros de passeio à população checa. Nas décadas de 1970 e 1980 a economia estagnada do país trouxe dificuldades à Skoda, até que em 1991 foi absorvida pelo Grupo Volkswagen, ganhando melhores condições de buscar mercados na Europa ocidental.

Um dos modelos mais marcantes da marca, o Octavia foi lançado em 1959. Era a primeira vez em que o fabricante adotava um nome feminino, em vez dos números ou de adjetivos como Popular, Favorit e Superb. O Octavia até seria exportado, inclusive para o Brasil, mas a Skoda só ganharia mais notoriedade após a recente absorção pela VW. Para muitos, seu passado continua obscuro. A rigor, o Octavia era o rebatismo e a remodelação do 440, ou Spartak, introduzido em 1954. Ele prosseguia com a configuração sedã de duas portas, quatro lugares e tamanho compacto — media 4,06 metros de comprimento, 1,60 m de largura e 1,43 m de altura. Pesava de 890 a 905 kg, conforme a versão.

Em 1958 aparecia o 450, versão conversível do 440, em que o motor de 1,2 litro passava a ter potência de 50 cv

Ao ser lançado, o 440 era equipado com um motor de quatro cilindros em linha, 1.089 cm³, potência de 40 cv a 4.200 rpm e torque de 7 m.kgf a 2.800 rpm. A tração era traseira, os freios a tambor e os pneus tinham a medida 5,50-15. Em 1957 ficava um pouco mais vigoroso com a opção de motor de 1.221 cm³, 45 cv às mesmas rotações e 8,6 m.kgf a 3.000 rpm. Passava a ser chamado de 445. No ano seguinte chegava o 450, versão conversível do modelo. Com carburação dupla Jikov, rendia 50 cv a 4.500 rpm e 7,4 m.kgf a 3.500 rpm, um pequeno antídoto contra a sisudez dos carros do bloco comunista. Continua

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Data de publicação: 15/3/05

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