O desenho era simples, mas agradável por ter alguns detalhes que valorizavam o conjunto. O 440 tinha duas entradas de ar acima da grade ovalada, que formavam uma espécie de bigode. Essa curiosa idéia não voltaria no Octavia de 1959, mas o irmão mais velho deixaria de herança para ele os pára-lamas dianteiros graciosamente esculpidos. A maior parte das formas introduzidas pelo 440 seria mantida no Octavia. Estavam de volta o capô e a tampa do porta-malas arredondados, em linha mais alta que os pára-lamas. O conversível passava a se chamar Felicia.

Em 1959, o primeiro Octavia: uma evolução do 440 com linhas suaves e "elegância clássica", nas palavras do material de divulgação

Na traseira do Octavia havia discretos "rabos de peixe", que não chegavam perto ao exagero dos modelos americanos da época. Com efeito, o material de divulgação o apresentava como um carro que "ganha admiração à primeira vista, devido a sua elegância clássica, sem nada em comum com as extravagâncias da moda, que tentam atrair a atenção a todo custo". O interior acomodava quatro pessoas sem muito espaço. No painel simples havia três instrumentos circulares e um rádio, enquanto o grande volante branco incluía um aro para comando da buzina. A cabine era privilegiada pela grande área de vidros e colunas estreitas.

Em 1961 os dois motores de quatro cilindros recebiam uma injeção de ânimo. O menor, de 1.089 cm³, já produzia 43 cv a 4.600 rpm (com o mesmo torque, 7 m.kgf a 2.800 rpm), suficientes para uma velocidade máxima de 110 km/h. O de 1.221 cm³ chegava a 47 cv a 4.500 rpm no Octavia e 53 cv a 5.100 rpm no Felicia. Seu torque era de 8,8 m.kgf a 3.000 rpm no sedã e 7,5 m.kgf a 3.500 rpm no conversível, o que levava o conversível a 130 km/h. No mesmo ano chegavam as versões TS, Cabriolet com teto rígido e Combi (perua), todas de duas portas.

A perua Combi, que chegava dois anos depois do sedã, vinha só com o motor de 1,2 litro e acabou sobrevivendo ao carro: ficou em produção até 1971

O Felicia com teto rígido se passava por um atraente cupê, o que de fato não havia na linha. Seu motor mais forte também era utilizado no TS (Touring Sedan). A perua tinha dimensões similares às do carro, mas pesava mais — 970 kg — e usava pneus maiores, 5,90-15. Apenas o motor de 1.221 cm³ a equipava, na versão de 47 cv. Ao mesmo tempo a grade original, ovalada e cortada por um friso horizontal com o emblema da marca, era substituída no sedã por uma mais simples e de perfil mais baixo, o que deixava a frente mais agradável.

Rastros do projeto 440/Octavia também estiveram na mecânica do jipe Babeta dos anos 1950 e, na década seguinte, do furgão 1203, mais tarde fabricado também como TAZ 1500. Em 1964, com o lançamento do modelo 1000 MB, a Skoda aposentava o Octavia após um total de 298 mil unidades. A perua permaneceria em linha até 1971, o que elevou esse número a 365 mil. Era o fim de uma geração de carros com motor dianteiro da marca da flecha alada, o que só seria retomado nos anos 1980. Além do Octavia, outros nomes do passado também voltariam ao catálogo da empresa nesta fase recente de sua história, como Felicia, Favorit e, mais recentemente, Superb.

O Felicia era o equivalente do Octavia a céu aberto, estilo que sempre fez sucesso na Europa; seu motor desenvolvia mais potência e menor torque que o dos demais modelos

Em 1996 surgia uma nova — e hoje recém-substituída — geração do Octavia. O passado desse nome foi honrado, já que o grupo Volkswagen o reeditou num atraente sedã médio. Era mais um dos vários produtos a ter plataforma e mecânica compartilhadas com o VW Golf, um clube que inclui Audi A3 e TT e VW New Beetle. Como sedã e perua, o novo Octavia trazia um leque de motores a gasolina e a diesel, com potência variando de 75 a 125 cv. Seu desenho suave e elegante era um claro passo à frente dos modelos anteriores da Skoda, marcando uma renovação na marca.

A fama de confiável, mesmo por um preço competitivo, fez a imagem do carro e da marca melhorar muito. As versões de tração integral e a esportiva RS seriam acrescidas mais tarde. O Octavia 2005 evolui esse projeto tão bem-sucedido, colocando-o em dia com o Golf atual. Como a geração anterior, ele já conta com versões sedã e perua. Os motores de 1,4, 1,6 e 2,0 litros a gasolina, além de 1,9 e 2,0 a diesel, fazem desse checo uma opção em pé de igualdade com alguns dos melhores médios europeus. São bons motivos para conhecer a história de um modelo com méritos escondidos, por muito tempo, pela sombra da cortina de ferro.

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