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Lágrimas de glória

Poucos carros tiveram uma fórmula tão poderosa de desempenho
aliado a um estilo único quanto o Talbot-Lago "Teardrop"

Texto: Fabiano Pereira - Fotos: divulgação e reprodução

O celebrado fabricante francês Talbot-Lago surgiu pelas mãos do italiano Antony Lago em 1935. Ele adquiriu as instalações da Talbot em Suresnes logo após o conglomerado Sunbeam-Talbot-Darracq falir. Entretanto, os planos de Lago estavam mais para as pistas que para as ruas. Um ano após a aquisição ele concluía o chassi de corrida T150-C. Faltava conseguir um piloto hábil o suficiente para ajudar a estabelecer a marca no panorama do automobilismo.

Foi o que Lago conseguiu convencendo René Dreyfus a deixar a Ferrari para se unir à equipe. A estréia veio no Grand Prix francês de Montlhery. Os três carros da escuderia terminariam o campeonato em oitava, nona e décima posições. Mas esse foi só o começo. Em 1937 os resultados impulsionariam de vez a imagem da Talbot-Lago – ela conquistou as três primeiras posições do ranking e ainda o quinto lugar. No mesmo ano dois carros participavam da 24 Horas de Le Mans, o que no ano seguinte levaria a equipe a chegar em terceiro.

Dois anos após a criação da marca, nascia o Talbot-Lago T150, apelidado de Teardrop por seu formato que lembra uma lágrima: para alguns, o carro mais bonito já produzido

Ainda em 1937, e empresa firmava acordo com o renomado estúdio de desenho Figoni & Falaschi. A proposta era tentadora: criar para o chassi de corrida uma carroceria para um cupê de passeio que estivesse à altura da ambição de Lago com o automobilismo. O resultado poderia ter sido mais um belo desenho, que englobasse esportividade e sofisticação na medida certa para agradar à elite que teria condições de comprar o exclusivo modelo. Entretanto, o Talbot-Lago T150-C SS encontraria um destino muito mais gratificante na história do automóvel.

Batizado também de T23, dependendo da versão, o cupê estava em plena sintonia com a tendência de estilo streamline vigente da época, que fazia da aerodinâmica a ordem do dia. Carros como o inesquecível, mas malsucedido Chrysler Airflow e o excêntrico (se não chocante) tcheco Tatra T77 inauguraram essa estética, que foi validada por outros clássicos como o Lincoln Zephyr e até o Volkswagen Sedan. O Talbot-Lago figura como o mais desejado, ainda que inacessível, exemplar dessa geração. Seu formato de lágrima lhe rendeu o apelido de Goutte d'eau no francês e o mais conhecido Teardrop no inglês.

Elegante por fora, luxuoso por dentro, o Teardrop usava um motor surpreendente para seu tempo: seis cilindros, 4,0 litros, potência de 140 cv

O Bugatti Atlantic já surpreendera em 1936 no mesmo patamar rarefeito de carros esportivos ultra-sofisticados, que os endinheirados compravam quase como se fossem feitos sob medida – e várias vezes eram mesmo. Mas os projetistas do Bugatti ainda excluíam o capô e grade do restante do desenho, talvez até para respeitar a identidade da marca. O Talbot-Lago era inteiramente fluido e até os faróis eram embutidos. Outra vantagem do modelo mais novo era não ter tantos carros magníficos atrelados à historia de sua própria marca, como no caso do Bugatti. Nascia um ícone imortal. Continua

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Data de publicação: 7/9/04

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