Mademoiselle Ford

O Vedette tentou adaptar a receita da marca ao paladar
francês e tornou-se um ancestral do Simca Chambord

Texto: Fabiano Pereira – Fotos: divulgação

Uma das figuras mais famosas da França, mais precisamente de Paris, é a vedete de casas de espetáculo e cabarés, como a Moulin Rouge. Do corpo de dançarinas e coristas de um show, a vedete é a moça que atua com destaque na apresentação. Sempre com um belo par de pernas de fora, ela virou sinônimo de sensualidade, ousadia e diversão. Esse tipo de artista também marcaria bastante a cultura brasileira no chamado teatro de revista ou teatro rebolado.

Vedette, na grafia do francês, também foi o nome escolhido pela Ford para o primeiro grande lançamento pós-guerra de sua hoje quase esquecida filial francesa. Embora a palavra vedete também signifique sentinela de cavalaria, o provável sentido pretendido pela Ford, fica difícil não imaginar uma bela figura feminina ao se conhecer o nome desse curioso automóvel, o mais significativo fabricado pela empresa naquele país.

O modelo 1951 do Vedette, ao lado, já trazia reforços no chassi para aumentar sua robustez. Acima o de 1954, já com carroceria de três volumes em vez da fastback

A primeira vez que um Ford rodou em território francês foi em 1907. Nove anos depois surgia a Ford Automobiles France, que vendia os modelos de fabricação inglesa. Mas os custos de importação e alfândega os encareciam demais. Isso convenceu Maurice Dollfus, responsável pela filial, a montar os veículos localmente em 1927. Em 1929, a Ford francesa faria um acordo com o fabricante Mathis para montar seus carros na linha de Asnières. Era o começo da Ford S.A.F., Société Anonyme Française.

Como a Mathis não ia muito bem das pernas, a aliança possibilitou o nascimento da Matford Corporation, cujo primeiro modelo, o V8-62, chegou ao mercado em 1936. Logo viriam planos de uma fábrica mais moderna a ser instalada em Poissy. Com a chegada da guerra, isso só foi possível em 1941. Caminhões e equipamentos militares eram produzidos ali durante a ocupação alemã. Já em 1946, após o fim dos conflitos na Europa, modelos pré-guerra voltaram à produção em pequena escala.

Também de 1951, o modelo conversível do Ford francês, com opção entre três e cinco lugares. O motor V8 de 2,15 litros desenvolvia 66 cv nessa época e a suspensão dianteira era a primeira McPherson no mundo

Dollfus viajou à América em busca de um novo Ford para o mercado francês. O escolhido foi o 92A, projeto bem simples de 1941, realizado sem que a Ford soubesse ao certo se teria condições de produzi-lo com a guerra. Por mais elementar que fosse para os padrões de Detroit, era um veículo topo de linha na França, especialmente por suas dimensões. A partir de 1947, a Matford deixou de existir e a Ford S.A.F passou a responder por seus próprios carros.

O público francês pôde conferir o novo Ford Vedette no Salão de Paris, em outubro de 1948. O lançamento lembrava bastante os parentes ianques com sua carroceria fastback de quatro portas (as traseiras se abriam para trás), mas em tamanho compacto. A frente era ainda mais típica dos Fords americanos. Movido por um V8 de 2,15 litros, desenvolvia 60 cv (líquidos) a 4.400 rpm e torque de 12,4 m.kgf a 2.500 rpm. Continua

Carros do Passado - Página principal - Escreva-nos - Envie por e-mail

Data de publicação: 4/5/04

© Copyright - Best Cars Web Site - Todos os direitos reservados