O carro do chanceler

O uso do luxuoso Mercedes 300 da década de 50 por
Adenauer acabou o tornando conhecido por esse nome

Texto: Fabrício Samahá - Fotos: divulgação

Apesar de sua tradição de denominar automóveis com números e siglas, a Mercedes-Benz teve muitos de seus modelos conhecidos por apelidos. Houve as séries Ponton, assim chamada pelo formato em três volumes, e Fintail, nome alusivo aos "rabos de peixe" na traseira. E existiu o Adenauer, como ficou famoso o modelo 300 da década de 50 (plataforma W186) por ter sido utilizado, durante anos, pelo chanceler alemão Konrad Adenauer.

O 300 foi lançado no Salão de Paris em abril de 1951 junto do 220. Este era um sedã amplo, com os mesmos chassi e carroceria básicos do modelo 170 S. O estilo peculiar da época trazia a grade da marca em destaque em um alto capô, pára-lamas protuberantes, portas dianteiras de abertura para trás ("suicidas") e bom número de cromados. Novidade na linha Mercedes eram os faróis à frente dos pára-lamas, em vez de montados junto à grade, esta trazendo a estrela de três pontas em evidência no topo.

O estilo clássico e elegante do 300 combinava com a sobriedade do uso oficial pelo chanceler. Ao lado o modelo inicial, e no alto o 300d

Três carrocerias eram disponíveis, o sedã quatro-portas e dois conversíveis, sendo acrescentado em 1954 um cupê com opção de grande teto solar de aço. O moderno motor de seis cilindros em linha, com comando de válvulas no cabeçote e radiador de óleo, tinha um sistema de compensação de octanagem, que permitia avançar o ponto de ignição manualmente caso se pudesse usar uma gasolina superior. Com câmbio de quatro marchas, todas sincronizadas, e potência de 80 cv, alcançava 140 km/h, o mesmo que um Porsche 356A 1100 da época.

O 300, por sua vez, tinha um estilo mais alongado e elegante, medindo mais de cinco metros de comprimento, com as portas de abertura normal. O interior era sofisticado e clássico, com painel revestido em madeira, um grande volante com aro para comando da buzina e rádio Becker, além da alavanca de câmbio cromada na coluna de direção. Um detalhe ímpar: quatro cinzeiros que, uma vez usados, despejavam seu conteúdo em um compartimento inferior, para que estivessem limpos na próxima utilização. Também vinha com trava de direção integrada à chave de ignição e partida, lavador de pára-brisa e retrovisor interno dia/noite.

Muito requinte: painel de madeira, rádio Becker, fartos instrumentos e detalhes como cinzeiros que se esvaziavam após o uso, para estar sempre limpos

Seu propulsor era também um seis-em-linha, mas com cilindrada de 2.996 cm³, dois carburadores, 115 cv a 4.600 rpm e torque máximo de 20 m.kgf a 2.500 rpm. Apesar de todo o peso do carro (1.700 kg), oferecia desempenho comparável ao de poucos carros europeus de seu tempo, com máxima de 160 km/h — perfeito para o chanceler, um entusiasta da velocidade. Com sistemas de arrefecimento e lubrificação eficientes, essa velocidade podia ser mantida por longo período sem problemas nas autobahnen alemãs. Nessas condições, uma terceira buzina podia ser acionada para complementar as duas normais. Continua

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Data de publicação: 16/12/03

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