My Fast Lady

Antes de o Datsun Z se tornar um mito, um diminuto
roadster da marca trazia o espírito da swinging London

Texto: Fabiano Pereira - Fotos: divulgação

Londres vivia uma efervescência cultural sem precedentes na década de 60. Apelidada de swinging London, a cidade era referência nas novidades em costumes, música, moda e artes plásticas, como mostram o filme Blow-up e a comédia Austin Powers. Esse clima de entusiasmo e liberdade combinava com a irreverência do Mini, a rebeldia do Rolls-Royce com pintura psicodélica de John Lennon e roadsters ligeiros como MG B, Lotus Elan, Austin-Healey, Triumph Spitfire e Sunbeam Tiger. A curtição desses esportivos ecoava até o oriente, no Honda S600 e no Datsun Fairlady.

O Fairlady (bela dama) vinha de uma linhagem de conversíveis produzidos desde 1932 pela Datsun, hoje conhecida como Nissan. O primeiro carro a receber o emblema Fairlady foi a geração SP212, de 1960. Enquanto inspecionava concessionárias nos EUA, em 1959, o presidente da Datsun na época, Katsuji Kawamata, se divertiu tanto com a montagem do musical My Fair Lady, na Broadway, que decidiu homenagear o espetáculo. Até hoje o nome persiste no Nissan 350Z para o mercado japonês.

Os modelos iniciais do Fairlady, como este SP213, eram mais arredondados que os últimos (no alto o de 1968)

A versão inaugural do Fairlady era praticamente o mesmo Sports 211 de 1959. Bastante compacto, mas com espaço para quatro, suas linhas eram pouco atraentes, mas não tão ruins quanto o desempenho: vinha equipado com um nada esportivo motor de quatro cilindros, 1.189 cm³ e 48 cv — o que já era uma evolução em relação ao de 988 cm³ e 37 cv do 211. O câmbio era de quatro marchas e os freios a tambor. Apenas 288 deles deixaram a linha de montagem.

Em 1961, o Fairlady ganhava 12 cv com um novo carburador Nikki de corpo duplo e comando de válvulas modificado, além de ajustes nas suspensões e freios. Mas a carreira internacional do conversível Datsun deslanchou com o modelo 1962, muito parecido com o MG B — na verdade, o inglês é que se assemelhava a ele, pois enquanto o Datsun foi apresentado no Salão de Tóquio em 1961, o MG só surgiria um ano mais tarde.

A alusão às competições, sempre presente na publicidade deste Datsun.
O número 23, à direita, tem a pronúncia em japonês que gerou o nome Nissan

Sob o capô, porém, o Datsun ainda levaria tempo para merecer o título desta matéria (minha dama veloz). O motor de 1.488 cm³ não empolgava — produzia meros 75 cv a 5.000 rpm — e era equipado com freios a tambor e câmbio manual de quatro marchas, sem primeira sincronizada. Tinha três bancos, em vez dos convencionais dois: o terceiro ficava voltado para o lado, atrás dos dianteiros, em um verdadeiro 2+1. Geralmente era removido para aumentar o espaço interno. Continua

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Data de publicação: 2/12/03

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