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Dezesseis cilindros de ousadia


Projetado por um engenheiro da Lamborghini, o Cizeta-Moroder V16T impressionou pela técnica e pelo desempenho


Texto: Fabrício Samahá
Fotos: divulgação

Quando se fala hoje em 16 cilindros, vem logo à mente o brutal Bugatti EB 16/4 Veyron da Volkswagen, com seus 1.001 cv. Alguns se lembrarão do Cadillac V16 de sete décadas atrás. Mas houve um supercarro com essa extravagância, não faz muito tempo, que logo caiu no esquecimento: o Cizeta-Moroder V16T.

O italiano Claudio Zampolli apresentou sua criação -- batizada com suas iniciais em pronúncia italiana, ci-zeta -- em 1988. O contato com projetistas da Lamborghini trouxe-lhe grande experiência na área, que se somou à contratação de Marcello Gandini, projetista famoso por ter desenhado o Miura, o Countach e mais tarde o Diablo para a marca do touro.

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Estilo agressivo e interior luxuoso não eram novidades no mercado de supercarros.
Inovador, mesmo, era o V16 transversal com dois virabrequins e quatro cabeçotes

O próprio desenho do V16T, retilíneo, agressivo, com curiosos faróis escamoteáveis sobrepostos, baseava-se em um projeto oferecido à Lamborghini. Esta, ao recebê-lo, havia proposto grandes alterações que levaram ao Diablo -- e que desagradaram a Gandini, levando-o a vender o projeto original para Zampolli. O resultado impressionou pela configuração do motor: pela primeira vez um 16-cilindros em V era montado em posição central transversal, necessária em função de seu grande comprimento.

A obra consistia na união de dois V8 compactos, com apenas 5.995 cm3 no total (86 x 64,5 mm), dois virabrequins, quatro cabeçotes, duplo comando e 64 válvulas. A tomada de força ficava no meio dos V8 e a transmissão, ZF de cinco marchas, era longitudinal. Portanto, os "dois motores" e o câmbio formavam um "T" -- daí a letra aplicada a seu nome. Os índices de potência (560 cv a 8.000 rpm) e torque máximo (55,1 m.kgf a 6.000 rpm) eram dignos de um supercarro, deixando o Countach de 48 válvulas para trás por mais de 100 cv.

O desenho de Gandini ressurgiu, com alterações, no Lamborghini Diablo.
Mas o Cizeta era mais exótico em detalhes como os faróis escamoteáveis sobrepostos

A construção do Cizeta envolvia fornecedores especializados, fabricantes de peças para carros de competição e até de Fórmula 1. O chassi tubular em aço, do tipo treliça, recebia uma carroceria de alumínio. A suspensão utilizava triângulos sobrepostos em ambos os eixos, com amortecedores Koni do tipo inboard, e os freios eram todos discos ventilados da Brembo, com pinças de quatro pistões e 305 mm de diâmetro. Os pneus Pirelli P-Zero tinham medida 245/40 ZR 17 à frente e 335/35 ZR 17 na traseira.

Embora muito pesado (1.700 kg, ou 200 kg mais que o Countach de 455 cv), o Cizeta acelerava muito bem (de 0 a 100 km/h em 4,5 s) e atingia 328 km/h, segundo o fabricante, o que o faria mais veloz que o primeiro Diablo e que os Ferraris F40 e F50 -- de qualquer modo, velocidades máximas de supercarros raramente são comprovadas. A revista Sport Auto, que o avaliou em 1989, atribuía "conforto superior e manejo mais fácil" em comparação àquele mesmo Countach.

O motor V16 consistia na união de dois V8, que somavam 64 válvulas, oito árvores de comando e 560 cv de potência a 8.000 rpm. Segundo a empresa, chegava a 328 km/h
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Como outros supercarros, porém, o V16T não foi muito longe. Sem tradição nas ruas ou nas pistas, era difícil convencer o seleto e exigente público a pagar por ele 320 mil dólares, o dobro de um Countach da série 25th Anniversary. Apenas extravagantes bilionários como o Sultão de Brunei compraram um -- ou dois, nesse caso --, limitando a 10 o total produzido pela empresa de Zampolli.

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Data de publicação deste artigo: 23/4/02

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