Carro
zero-quilômetro não pode fazer viagens longas? Rodar com pouco
combustível propicia a aspiração de sujeira? Parar no
semáforo com a embreagem acionada desgasta o sistema? Herdadas
de épocas passadas ou fruto de informações sem critérios,
lendas como essas iludem e confundem muitos motoristas. Para que
você não seja mais um, vamos passar a limpo as verdades e
mentiras que andam lhe contando por aí.
Lenda - Amaciar o motor
Realidade - Um velho mito sobre motores envolve o amaciamento.
Não são poucos os que ainda dispensam ao carro novo cuidados
exigidos décadas atrás, como não impor longos percursos nem
atingir altos giros durante 3.000 ou 5.000 km. Hoje a regra é
outra: basta não atingir altas rotações (acima de 3.000 rpm)
por 100 ou 200 km iniciais. Depois, pode-se explorar todo o
regime de giros, o que ajuda até a não "amarrar" o
motor.
Lenda -
Não permanecer parado com a primeira marcha engatada
Realidade - Certas regras antigas perderam a validade com o
desenvolvimento dos carros, mas ainda têm seguidores. Ao
contrário do que mencionou certa e conhecida publicação
"especializada", permanecer num semáforo com a
embreagem toda acionada e a primeira marcha engatada não
desgasta as atuais embreagens, com platô de mola diafragmática
("chapéu chinês"), embora ocorresse nas antigas, com
platô de seis ou nove molas helicoidais. A explicação está na
mola diafragmática ficar com carga mínima quando o pedal está
todo apertado, desta maneira não "cansando" a mola.
Lenda -
Chapa fina, pouca resistência
Realidade - Ainda persiste entre alguns a idéia de que o carro
seguro é aquele que não se amassa em colisões, motivo de
desconfiança das chapas de aço mais finas utilizadas nos
modelos atuais. Em outros tempos olhava-se com orgulho o
pára-lama pouco amassado, mesmo que isso implicasse um tremendo
impacto dos passageiros contra o interior. Hoje se sabe que o
melhor é a chamada "estrutura diferenciada", em que
apenas a cabine é rígida. Às partes dianteira e traseira cabe
absorver ao máximo o impacto, suavizando-o em forma de
desaceleração mais suave para os ocupantes do veículo. Aliás,
esse é motivo suficiente para jamais se transportar alguém,
como uma criança, no compartimento de bagagem das peruas.
Lenda -
Rodar com pouco combustível faz aspirar a sujeira do tanque
Realidade - Muitos não trafegam com pouco combustível por
receio de que a sujeira do fundo do tanque seja aspirada,
entupindo os filtros. Na verdade, como o tubo de captação
("pescador") fica próximo ao fundo, eventual sujeira
seria aspirada mesmo com o tanque cheio até à boca.
Lenda -
Pneus novos sempre na dianteira
Realidade - O hábito de manter os pneus mais desgastados na
traseira, que pode gerar um comportamento perigoso em curvas com
piso molhado, já foi desmistificado. É sempre preferível uma
escapada de dianteira, cuja correção é instintiva. E não se
comova, relacionando a um carro bem-cuidado, com o argumento de
que "o estepe nunca rodou". Para mantê-lo assim, há
até quem deixe o veículo no macaco e leve o pneu furado para
consertar...
Lenda - Nunca freie na
curva
Realidade - A lenda de que não se pode frear nas curvas já
provocou sustos em muita gente que, possuindo a devida
sensibilidade, poderia ter aplicado os freios sem desequilibrar o
carro ou travar as rodas. Essa noção de nunca frear nas curvas
já provocou acidentes do tipo desviar para não atropelar
alguém e o veículo vir a bater violentamente contra algum
obstáculo ou mesmo sair da pista. É possível frear na curva,
desde que feito com suavidade.
Lenda -
Portas travadas para maior segurança contra aberturas acidentais
Realidade - Não falta quem sinta maior segurança travando as
portas na estrada, temendo que se abram numa curva rápida. Não
sabem que travar o trinco apenas desativa as maçanetas, sem
oferecer qualquer bloqueio adicional: não há, por exemplo, um
pino ou tramela que atravesse a coluna. Assim, portas travadas
servem apenas para dificultar o socorro aos passageiros em caso
de acidente - por isso em alguns modelos, como Omega e os BMW, um
sistema as destrava em colisões. Se no trânsito urbano o risco
de assalto justifica o travamento, na estrada ou na via expressa
ainda é melhor destravar as portas.
Aceleração
a fundo, maior economia
Poucas lendas são tão arraigadas como a de que o menor consumo
se obtém com aceleração leve. Embora não pareça, é
acelerando fundo, desde que em rotações bem baixas, que se
obtém o menor consumo específico nos motores a quatro tempos. O
acelerador pouco aberto dificulta a aspiração do ar e gera
perdas de bombeamento - daí o efeito de freio-motor quando se
corta a aceleração. Não se deve seguir, portanto, os
indicadores de consumo do tipo vacuômetro. Um teste feito pela
Saab anos atrás revelou inclusive que o método denominado
1-3-5, isto é, passar diretamente da primeira para a terceira
marcha e desta para a quinta (o que equivale a espaçar as
relações de transmissão), permite uma redução do consumo da
ordem de 10%.
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