Semelhantes em vários detalhes,
o Mustang conceitual de Bertone (em cima) e o Iso Grifo de produção
foram dois de seus primeiros trabalhos
O cupê Fiat Dino ainda é da fase
Bertone; já no estúdio Ghia, Giugiaro desenhou os esportivos De Tomaso
Mangusta (centro) e Maserati Ghibli |
O
que o Uno, o
Passat original dos anos 70, o
BMW M1 e o
Maserati Merak/Bora têm em comum? As linhas baseadas em traços retos
e marcantes são apenas uma indicação do verdadeiro elo entre eles: a
assinatura de Giorgetto Giugiaro, o italiano que é considerado uma das
maiores autoridades no mundo em desenho de automóveis.
Giugiaro nasceu em 7 de agosto de 1938 em Garessio, na província de
Cuneo, região de Piemonte. Em 1952 aos 14 anos mudou-se para Turim, onde
seguiu estudos nos campos de artes durante o dia e de desenho técnico à
noite. Três anos mais tarde, mostrou em uma exposição alguns esboços de
automóveis que chamaram atenção de Dante Giacosa, diretor técnico da
Fiat. Em três meses o jovem de 17 anos ingressava no Centro de Estilo do
fabricante. Ficou ali até 1959, trabalhando inclusive no Departamento de
Estudos de Desenho de Veículos Especiais, chefiado por Fabio Luigi Rapi,
mas achou que não havia muito potencial de crescimento na maior marca de
carros do país.
Em dezembro daquele ano, saiu para assumir um cargo de destaque no
estúdio de desenho de Nuccio Bertone. Em seu período na empresa,
desenhou modelos esportivos de luxo como o inglês
Gordon-Keeble GT de 1960, o alemão
BMW 3200 CS de 1961 e o
italiano Iso Grifo de 1963, mas também o compacto
japonês Mazda Familia de 1964, o pequeno conversível
Fiat 850 Spider de 1965 e o cupê Dino
da mesma marca (1967). Fez ainda os carros-conceito Aston Martin DB4 Jet
em 1961, Ferrari 250 GT Bertone em 1962, Chevrolet Corvair Testudo em
1963, Alfa Romeo Canguro em 1964 e Ford Mustang Bertone em 1965, além do
modelo especial Maserati 5000 GT em 1961.
Em novembro de 1965 Giugiaro mudava para a Ghia, outra renomada empresa
italiana de desenho e construção de carrocerias, onde se tornou Diretor
do Centro de Estilo e Desenho. Durante os dois anos em que esteve ali,
realizou trabalhos como os italianos De Tomaso
Mangusta, Maserati Ghibli (ambos em
1966) e Iso Fidia (1967), o japonês Isuzu 117 Coupe
(1968) e os conceitos Fiat 850 Vanessa (1966) e Oldsmobile Toronado Thor
(1967). Em fevereiro de 1967 fundava a Ital Styling, empresa
independente pela qual prestava serviços à Ghia. Mas foi com a
ItalDesign que Giugiaro realizou seu sonho de trabalhar por conta
própria.
De início denominada Studi Realizzazione Prototipi S.p.A., a empresa
sediada em Turim e fundada em 13 de fevereiro de 1968 foi uma associação
com Marco Mantovani, ainda hoje atuante no conselho, e o engenheiro
Luciano Bosio. Embora tenha mantido a ligação com os grandes esportivos
de marcas famosas, passou a elaborar também carros mais populares. A
firma ganhava em 1974 uma divisão de desenho industrial voltada a
projetos de média e larga escala em diferentes ramos de mercado, como
câmeras fotográficas, móveis, telefones, relógios, cosméticos e
computadores.
Coube a Giugiaro introduzir o conceito conhecido como "papel dobrado",
com as linhas definidas por traços retos. Isso lhe deu a fama de
projetar carros muito funcionais, com bom aproveitamento de espaço e
quase sempre com ampla área envidraçada. Outra solução em que foi um dos
pioneiros é a de carrocerias mais altas, para que os ocupantes se sentem
em posição mais ereta e haja mais espaço para todos.
Continua
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