Peso-pesado

Novo pickup grande da Ford, F250 supera
concorrente em potência e capacidade de carga
 

Texto: Fabrício Samahá

Depois do leve Courier e do médio Ranger, a renovação da linha de pickups da Ford completa-se com o pesado F-250, que chega às revendedoras em janeiro com preço estimado entre R$ 25 mil e R$ 31 mil. O modelo foi lançado no início de 1998 nos Estados Unidos e é agora produzido na fábrica do Ipiranga, em São Paulo, de onde saía o F-1000 que ele substitui.

Concorrente direto do GM Silverado, líder do segmento, o F-250 chega em duas versões de acabamento (básico e XLT), duas de motorização (V6 de 4,2 litros a gasolina e quatro-cilindros turbodiesel de 3,9 litros) e trazendo uma opção mais robusta para uso utilitário, a versão Super Duty Profissional, com maior capacidade de carga: 1.520 kg (diesel) e 1.620 kg (gasolina).

Lançamento recente lá fora, o F-250 chega como maior e mais
potente pickup nacional -- e pode levar até 1.500 kg

O F-250 nacional é praticamente igual ao modelo norte-americano Super Duty apresentado no início de 1998, inclusive com a clássica suspensão dianteira Twin-I-Beam. Só que lá existe um outro F-250 de dimensões gerais menores (maior, entretanto, que o Ranger), capacidade de carga inferior e suspensão mais moderna por barras de torção, para dirigibilidade superior.

O Best Cars avaliou por cerca de 250 quilômetros o F-250 XLT a gasolina, versão topo de linha. Bolsa inflável para o motorista, freios antitravamento ABS nas quatro rodas, rodas de alumínio e toca-CD são alguns opcionais disponíveis. A primeira impressão surpreende: o pickup é maior que qualquer outro conhecido, transmitindo grande força e imponência. Para se ter uma idéia é 40 cm mais comprido, 8 cm mais alto e 17 cm mais largo que o Silverado.

O desenho moderno inclui detalhes interessantes, como o desnível nas janelas laterais e as maçanetas embutidas. Faróis empregam lentes de plástico policarbonato e há iluminação para a caçamba, integrada à terceira luz de freio. Contorno da grade e ambos os pára-choques vêm cromados na versão XLT, que ainda tem robustos pneus 265/75 R 16 e rodas de alumínio com oito parafusos de fixação.

Versão XLT traz pára-choques cromados e rodas de
alumínio com pneus de 265 mm

Amplo estribo duplo e alça de apoio na coluna dianteira facilitam o acesso ao interior. A aparência interna agrada bastante, com bom acabamento em tons claros e painel completo, incluindo manômetro de óleo e voltímetro. Os itens de conveniência mais comuns, como volante ajustável em altura, luzes de leitura, toca-fitas, vidros, travas e retrovisores elétricos e janela traseira deslizante, estão presentes. Sistema imobilizador eletrônico antifurto é novidade nesta categoria. Há ainda sinal sonoro para portas abertas e faróis acesos, barra de proteção atrás da cabine e tampa da caçamba removível.

A configuração de banco bipartido (em 1/3 e 2/3) permite transportar três pessoas com conforto, havendo encosto de cabeça mas não cinto de três pontos para o passageiro central. Atrás do banco há espaço para pequenos volumes e uma rede de retenção, além de outros úteis porta-objetos nas portas e nas partes central e superior do painel. Além da maior cabine do mercado, o enorme pára-brisa e o vidro traseiro fazem dele o utilitário de melhor visibilidade a distância do País.

Motor V6 de 205 cv oferece 90% do torque já a 1.500 rpm,
permitindo uso confortável em marchas longas


O mais potente

O motor V6, de recente geração, adota cabeçote de fluxo cruzado, cárter estrutural de alumínio e coletor de admissão variável de comando eletrônico. Mas bloco e cabeçote são de ferro fundido e o comando de válvulas central, tudo bem convencional. Além da maior potência de um veículo já produzido em série no Brasil, 205 cv (o Silverado similar tem apenas 138 cv), oferece mais de 90% do torque máximo -- de 35,7 m.kgf -- entre 1.500 e 4.500 rpm. Como vem sendo comum nos EUA, baixa manutenção é prioridade: velas são trocadas a cada 96 mil quilômetros.

O sistema de injeção é Visteon (Ford) EEC-V, com ignição integrada e uma bobina para cada dois cilindros. A garantia do veículo é de dois anos ou 50.000 km. Na versão turbodiesel com pós-resfriador ar/ar adota-se o conhecido Cummins de quatro cilindros, capaz de 145 cv, ou 23 cv a menos que o MWM turbodiesel de seis cilindros do Silverado. Ainda este ano a Ford vai oferecer o mesmo MWM, só que com pós-resfriador e 175 cv.

O chassi possui longarinas de caixa fechada, para maior robustez, e uma travessa em forma de X na traseira que também suporta a fixação do estepe sob a caçamba. Os freios padrão utilizam tambores atrás e sistema antitravamento ABS apenas nesse eixo, havendo opção de freios a disco e ABS nas quatro rodas para a versão XLT. O tanque de combustível feito em plástico tem capacidade para 100 litros (diesel) ou 113 litros (gasolina).

Suavidade da suspensão agradou o editor Fabrício Samahá,
mas não o peso dos pedais e curso do câmbio

Apesar do ar imponente, o F-250 agrada pela suavidade da suspensão e o isolamento de ruídos e vibrações muito bom. O ótimo torque permite dirigir em marchas longas com bom desempenho, mas os valores absolutos podem decepcionar em função do peso excessivo: aceleração de 0 a 100 km/h em 13,3 segundos e velocidade máxima limitada, por segurança, em 150 km/h de acordo com a fábrica.

A ótima visibilidade compensa em parte suas dimensões, como os 5,34 metros de comprimento e 2,03 metros de largura (nada menos de 2,52 metros incluídos os enormes espelhos). Sua caçamba, no entanto, é 5 cm mais estreita do que a do Silverado e tem 13 cm menos do que a do antigo F-1000, apesar de ser 9 cm mais comprida do que a do rival da GM. A direção assistida é extremamente leve. Em compensação, o peso do pedal de embreagem (auto-ajustável) e o curso da alavanca de câmbio ainda lembram mais um caminhão que um automóvel, enquanto o consumo (4,4 km/l na cidade, dado de fábrica) assemelha-se ao de um bom V8.

Mas espera-se que seus compradores, entusiasmados pela maçudez de suas linhas, não dêem a menor importância para isso.

FICHA TÉCNICA - DESEMPENHO


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