por Bob Sharp

Rigidez torcional: em que ela
influi e como aumentá-la


O que vem a ser rigidez torcional de um veículo? Faz sentido afirmar que é a estrutura que o carro suporta antes de se deformar? Estaria este conceito diretamente ligado à segurança passiva do automóvel em caso de acidente? Por que as fábricas não divulgam um índice de rigidez torcional de seus veículos? Qual o veículo nacional com o maior índice? É possível aumentá-lo em um carro? Essa rigidez também poderia ser responsável pelo menor ou maior índice de ruído interno? Parabéns pelo aniversário de 10 anos do site. Uma pérola de excelência!

Ricardo Bezerra
Rio de Janeiro, RJ

Todo corpo, todo objeto, está sujeito a forças que tendem a deformá-lo de modo elástico, isto é, cessada a força a forma volta à original. As forças que atuam num carro podem produzir tanto flexão quanto torção. Para flexão, pense numa régua na qual se faça força no meio dela, estando as extremidades apoiadas. A régua vai fletir. Agora pegue a mesma régua, segure-a com uma das mãos e, com a outra, torça-a. Você verá claramente o que acontece. Em seguida corte a régua ao meio e faça as mesmas experiências: será muito mais difícil deformá-la tanto em flexão quanto em torção.

O grande desafio para qualquer engenheiro projetista de automóveis é construir o carro o mais leve possível e, ao mesmo tempo, resistente à flexão e à torção. Torná-lo resistente em alto grau tem seu custo: peso. Não por razões de segurança em acidentes (esse é outro desafio), mas para conforto (flexão e torção) e comportamento dinâmico (torção). É por isso que, quando uma fábrica lança um novo modelo que tenha maior rigidez flexional e torcional, isso é destacado no material de informação à imprensa, por se tratar de vantagem. Mas, como nem sempre a rigidez torcional é um destaque, a fábrica prefere não dizer nada nesse caso. Tampouco se informa rigidez flexional, já que ela não influi no comportamento dinâmico.

Quando mais rígida for a estrutura de um carro, menor será a chance de aparecer ruídos, tanto pelo aspecto de movimentação dos elementos da carroceria entre si, quando por questão de vedação das partes móveis
— sobretudo portas e tampa traseira, no caso de um hatchback. Isso tanto em flexão quanto em torção.

Mas onde a rigidez torcional tem importância fundamental é no comportamento dinâmico nas curvas. Os ângulos das rodas, determinados pelas geometrias de suspensão e direção, pressupõem que nada mais se movimente no veículo, senão as próprias rodas controladas pela suspensão. Só dessa maneira tem o projetista certeza absoluta de que a geometria aplicada ao veículo exercerá plenamente sua função. Caso haja torção, as rodas assumirão posições independentes da geometria, com maus resultados. Tanto que, quando um carro de corrida não reage às mudanças e ajustes de suspensão, tem o mecânico a certeza de que a estrutura está torcendo. Isso acontece muito com os carros da categoria turismo.

Também, quando mais rodado o carro, menos rígido à torção e à flexão ele vai se tornando, o que faz os carros zero-quilômetro serem prazerosos nesse aspecto. Os picapes médios e pesados, que não são monobloco (salvo casos como o Honda Ridgeline e os modelos australianos da Ford e da Holden), fletem e torcem muito, o que deixa o rodar muito desagradável, independente da dureza da suspensão. Não sabemos dizer qual o carro nacional de maior rigidez torcional.

Não vemos razão para você se preocupar com a rigidez torcional a ponto de pensar em tomar medidas para aumentá-la, o que sem dúvida seria muito trabalhoso, além de partir para o empirismo e levar a aumento de peso do carro. Lembre-se de que só recentemente algumas fábricas conseguiram a chegar a uma rigidez torcional adequada nos conversíveis (na ilustração, um Saab 9-3), o que dá uma idéia da dificuldade em consegui-la. Nesses carros percebe-se nitidamente a menor rigidez torcional, em relação a um sedã de duas ou quatro portas, pela "dança do painel" diante do motorista, uma sensação nada agradável.

Nos carros de turismo usados em corrida, o arco de segurança ou gaiola de proteção em caso de capotagem é usado com vantagem na questão da rigidez torcional, mas isso seria impraticável num carro de uso normal. Seria impossível conviver com todos aqueles tubos dentro do veículo. Quanto à segurança passiva, como já falamos, ela independe da rigidez torcional. Você não precisa se preocupar com isso também.

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Ilustração: divulgação - Data de publicação: 24/11/07

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