Não se trata de façanha ou de feito exclusivo da General Motors.
O aumento de potência
com álcool, em relação ao uso de gasolina no mesmo motor, tem relação com a
taxa de compressão adotada.
Motores
que usam taxa mais alta e adequada ao álcool, acima de 12:1,
costumam obter maior ganho ao usar esse combustível, pois recorrem
muito ao menor avanço de ignição (para afastar a
detonação) ao funcionar com
gasolina. De outro lado, motores com taxas mais baixas e apropriadas
à gasolina, até 11:1, tendem a obter potência mais próxima entre os
combustíveis, pois dependem de maior avanço de ignição para
aproveitar a maior resistência do álcool à detonação.
Só que a maior taxa de compressão possível não é igual para todos os
motores. Aqueles com câmaras de combustão
menores, como os de 1,0 litro, suportam maior taxa com gasolina sem
detonar em comparação aos de maior cilindrada. A GM já usava desde
2002 no VHC a gasolina a taxa de 12,6:1, a mesma do antigo motor a
álcool. Como a taxa foi mantida na versão flexível, não houve ganho
de potência, que permaneceu em 70 cv com qualquer dos combustíveis.
No Fiesta 1,0 o aumento é discreto ao usar álcool (2,8%), sinal de que
esse motor suporta bem a taxa alta com gasolina. No Gol/Fox, com a
maior taxa do mercado até agora, a diferença já cresce para 4,4%.
O ganho percentual de potência com álcool cresce em motores de maior cilindrada
e com taxa elevada, um indício de que essa combinação favorece a
detonação e requer menor avanço de ignição com gasolina. No
Fiesta/EcoSport 1,6 o aumento com álcool é de 5,7% e no Focus (de
mesma taxa e gerenciamento eletrônico diferente) passa a 7,6%. No
motor 2,0-litros da GM a diferença é de 5,8%, mesmo com a taxa
apenas mediana. O maior aumento até agora é verificado no 1,4 do
Prisma (8,9%), o que também aponta a tendência de ganhos maiores à
medida em que os fabricantes avançam na tecnologia flexível.
Veja na tabela a diferença percentual de potência entre os
combustíveis (ordenada por este fator) para os principais motores
flexíveis: |
Modelo e motor |
Taxa de
compressão |
Potência
com gasolina |
Potência
com álcool |
Ganho com
álcool |
Prisma 1,4 |
12,4:1 |
89 cv |
97 cv |
8,9% |
Focus 1,6 |
12,3:1 |
105 cv |
113 cv |
7,6% |
Corsa 1,4 |
12,4:1 |
99 cv |
105 cv |
6,0% |
Astra/Vectra
2,0 |
11,6:1 |
121 cv |
128 cv |
5,8% |
Fiesta/EcoSport 1,6 |
12,3:1 |
105 cv |
111 cv |
5,7% |
Clio/Scénic/Mégane 1,6 16V |
9,7:1 |
110 cv |
115 cv |
4,5% |
Gol/Fox 1,0 |
13:1 |
68 cv |
71 cv |
4,4% |
Fit 1,35 |
10,4:1 |
80 cv |
83 cv |
3,7% |
Fiesta 1,0 |
12,8:1 |
71 cv |
73 cv |
2,8% |
Peugeot
206/307 1,6 16V |
10,5:1 |
110 cv |
113 cv |
2,7% |
Vectra 2,4
16V |
10,1:1 |
146 cv |
150 cv |
2,7% |
Peugeot 206
1,4 |
10,5:1 |
80 cv |
82 cv |
2,5% |
Fox/Polo/Golf
1,6 |
10,8:1 |
101 cv |
103 cv |
1,9% |
Palio 1,8
(versão R) |
10,5:1 |
113 cv |
115 cv |
1,7% |
Civic 1,8 16V |
11,5:1 |
138 cv |
140 cv |
1,4% |
Clio 1,0 16V |
10:1 |
76 cv |
77 cv |
1,3% |
Palio 1,4 |
10,35:1 |
80 cv |
81 cv |
1,2% |
Corolla 1,8
16V |
10:1 |
136 cv |
136 cv |
0 |
Celta 1,0 |
12,6:1 |
70 cv |
70 cv |
0 |
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