por Fabrício Samahá 

Flexíveis: por que varia o aumento
de potência quando se usa álcool


Vejo nas matérias sobre carros flex que eles têm seu rendimento prejudicado com utilização de álcool, obtendo potência cerca de 2% maiores, apenas, em relação à gasolina. Como explicar, então, as façanhas da Chevrolet, que consegue incremento de potência bem acima desses números?

Francisco Xavier dos Santos
Tamandaré, PE - franciscoxaviersantos@hotmail.com

Não se trata de façanha ou de feito exclusivo da General Motors. O aumento de potência com álcool, em relação ao uso de gasolina no mesmo motor, tem relação com a taxa de compressão adotada.

Motores que usam taxa mais alta e adequada ao álcool, acima de 12:1, costumam obter maior ganho ao usar esse combustível, pois recorrem muito ao menor avanço de ignição (para afastar a detonação) ao funcionar com gasolina. De outro lado, motores com taxas mais baixas e apropriadas à gasolina, até 11:1, tendem a obter potência mais próxima entre os combustíveis, pois dependem de maior avanço de ignição para aproveitar a maior resistência do álcool à detonação.

Só que a maior taxa de compressão possível não é igual para todos os motores. Aqueles com câmaras de combustão menores, como os de 1,0 litro, suportam maior taxa com gasolina sem detonar em comparação aos de maior cilindrada. A GM já usava desde 2002 no VHC a gasolina a taxa de 12,6:1, a mesma do antigo motor a álcool. Como a taxa foi mantida na versão flexível, não houve ganho de potência, que permaneceu em 70 cv com qualquer dos combustíveis. No Fiesta 1,0 o aumento é discreto ao usar álcool (2,8%), sinal de que esse motor suporta bem a taxa alta com gasolina. No Gol/Fox, com a maior taxa do mercado até agora, a diferença já cresce para 4,4%.

O ganho percentual de potência com álcool cresce em motores de maior cilindrada e com taxa elevada, um indício de que essa combinação favorece a detonação e requer menor avanço de ignição com gasolina. No Fiesta/EcoSport 1,6 o aumento com álcool é de 5,7% e no Focus (de mesma taxa e gerenciamento eletrônico diferente) passa a 7,6%. No motor 2,0-litros da GM a diferença é de 5,8%, mesmo com a taxa apenas mediana. O maior aumento até agora é verificado no 1,4 do Prisma (8,9%), o que também aponta a tendência de ganhos maiores à medida em que os fabricantes avançam na tecnologia flexível.

Veja na tabela a diferença percentual de potência entre os combustíveis (ordenada por este fator) para os principais motores flexíveis:

Modelo e motor Taxa de
compressão
Potência
com gasolina
Potência
com álcool
Ganho com
álcool
Prisma 1,4 12,4:1 89 cv 97 cv 8,9%
Focus 1,6 12,3:1 105 cv 113 cv 7,6%
Corsa 1,4 12,4:1 99 cv 105 cv 6,0%
Astra/Vectra 2,0 11,6:1 121 cv 128 cv 5,8%
Fiesta/EcoSport 1,6 12,3:1 105 cv 111 cv 5,7%
Clio/Scénic/Mégane 1,6 16V 9,7:1 110 cv 115 cv 4,5%
Gol/Fox 1,0 13:1 68 cv 71 cv 4,4%
Fit 1,35 10,4:1 80 cv 83 cv 3,7%
Fiesta 1,0 12,8:1 71 cv 73 cv 2,8%
Peugeot 206/307 1,6 16V 10,5:1 110 cv 113 cv 2,7%
Vectra 2,4 16V 10,1:1 146 cv 150 cv 2,7%
Peugeot 206 1,4 10,5:1 80 cv 82 cv 2,5%
Fox/Polo/Golf 1,6 10,8:1 101 cv 103 cv 1,9%
Palio 1,8 (versão R) 10,5:1 113 cv 115 cv 1,7%
Civic 1,8 16V 11,5:1 138 cv 140 cv 1,4%
Clio 1,0 16V 10:1 76 cv 77 cv 1,3%
Palio 1,4 10,35:1 80 cv 81 cv 1,2%
Corolla 1,8 16V 10:1 136 cv 136 cv 0
Celta 1,0 12,6:1 70 cv 70 cv 0

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Foto: divulgação - Data de publicação: 10/7/07

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