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por Bob Sharp  

Gasolina sem álcool: melhor
desempenho, mas difícil de obter


Já vi tudo quanto foi modo, do simples ao complicado, de aumentar a potência e torque dos motores. Quando falo em simplicidade, lembro que antigamente se colocavam "naftalinas" no tanque. Algo que é simples e já visto aqui. Hoje podemos abastecer com gasolina Premium que traz uma diferença mas pouco sensível. Uma semana atrás fiz um teste.

Aprendi na faculdade o teste de qualidade da gasolina. Aprendi que adicionando água à gasolina, metade/metade por exemplo, e misturando bem, os 22% de álcool contidos na gasolina ficam na água. Então a injeção, que continua igual no meu Corsa 1.0 2001, com essa gasolina a 100%, tem 22% de gasolina a mais produzindo força, no lugar do álcool que é pouco expressivo. Comprei num posto 10 litros de gasolina aditivada e botei dentro de um galão de água mineral de 20 litros, completando o resto com água. Agitei bastante e esperei um minuto para as fases se separarem bem. A fase de cima é gasolina pura, e embaixo, água+álcool.

Desprezei o álcool+água pelo ralo (perigoso e poluente) e da gasolina sobrou pouco menos de 8 litros para o tanque vazio. Conclusão: notei sensível melhora de torque em todas as marchas. Agora o meu 1.0 canta forte em segunda e tem força a baixa rotação na terceira, quarta e quinta. Na primeira só noto uma força uniforme. Pergunta: quanto seria possível aumentar em rendimento de torque e potência num motor com uma gasolina "pura"? Apesar de perigoso, é uma sugestão mais ou menos simples para os amantes do carro -- afinal, andar com uma injeção de nitro não é muito seguro também.

Frederico Vera Salvo
Porto Alegre, RS
frede@i.am

O que o leitor experimentou foi o que dezenas de milhões de motoristas vivem todos os dias mundo afora: as delícias de dirigir um automóvel usando gasolina pura, sem álcool.
 
Tenho dito a meu círculo de amigos que o Brasil sofre de uma maldição energética. Estamos fadados a viver para sempre com gasolinas que o mundo não conhece. Até o início da década de 80, tínhamos uma gasolina com baixo número de octanas em relação ao resto do mundo, que obrigava os fabricantes locais a produzir automóveis com motores de taxa de compressão bem baixa. Aos poucos, a adição de álcool foi aumentando, tendo chegado a 24%, que retornou para 20% no ano passado, devido à escassez do produto quando se vislumbrou a volta do carro a álcool.
 
A coisa toda chega ao absurdo de termos um mercado comum, o Mercosul, com uma gasolina que não é mesma entre os países membros. No mundo todo, a gasolina brasileira é única. A Petrobras tentou há alguns anos lançar uma gasolina como a que se vende em todo o planeta, inclusive na América do Sul, mas o governo não permitiu, baseado na lei que determina a adição de álcool. Importadores não precisariam mais “tropicalizar” os motores, que seriam os mesmos produzidos em outros países. Brasileiros poderiam ir de carro à Argentina e vice-versa, com motores funcionando perfeitamente.

O efeito sentido pelo leitor ao usar gasolina sem álcool, obtida a partir da separação por meio de água, é real, principalmente nas pequenas aberturas do acelerador. Lembro-me de ter dirigido na França um Fiesta com motor Zetec Sigma de 1,25 litro, que mostrava o mesmo desempenho da versão brasileira de 1,4 litro. É somente questão de gasolina.
 
No caso do carro do leitor, o sistema de gerenciamento eletrônico do motor corrigiu parcialmente a relação ar-combustível, tendo a mistura ficado um pouco rica, sem a menor dúvida. As emissões gasosas certamente ficaram acima dos limites legais e o consumo deve ter ficado maior do que o normal.
 
Hipoteticamente, o leitor poderia passar a usar apenas essa gasolina “fabricada em casa” -- sendo indispensável utilizar a Premium, por sua maior octanagem -- e procurar obter um módulo eletrônico de comando para gasolina sem álcool na GM do Brasil (improvável, todavia) ou adquirir um numa concessionária Chevrolet na Argentina.

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